? Temos trigo em estoque para pelo menos de 90 a 120 dias. É importante citar que, dentro de 90, dias começa a nossa colheita, ou seja, temos trigo suficiente para atender as nossas necessidades até seu início ? disse Stephanes, na primeira entrevista concedida depois de voltar de uma missão de uma semana na Rússia.
Segundo ele, com a produção que chegará, não deve haver necessidade de importar o cereal este ano.
A partir do início da colheita, o ministro considera que deve ser avaliada qual será a produção argentina, para então decidir se, e em que quantidade, o Brasil precisará importar de outros países. Representantes da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que descordam dos números nos quais o ministro se baseia para fazer a afirmação, já foram chamados para uma conversa.
A discussão em torno da necessidade ou de comprar trigo fora do país se dá porque são cobrados 10% de Tarifa Externa Comum (TEC) sobre o trigo comprado fora do Mercosul. Como a Argentina teve forte queda na produção do cereal, a indústria cobra do governo a isenção da TEC.
A Rússia, país onde o ministro passou uma semana, já se candidatou a exportar trigo para o país e avaliações técnicas foram realizadas. O governo brasileiro tem interesse em incentivar os importadores do país a negociar trigo com os russos, porque espera que, assim, o país asiático amplie as cotas que limitam as exportações de carnes para lá.
Entretanto, Stephanes disse que a isenção da TEC só ocorrerá se realmente houver necessidade para suprir o mercado interno.
? Queremos evitar o que aconteceu no ano passado, quando se abriu o mercado para a importação e não se conseguiu preço adequado para a produção nacional ? ressaltou.