? O PIB da agricultura ficará acima do PIB nacional, com certeza ? afirmou.
Ele citou estimativas apresentadas recentemente pelo IBGE e pela Conab, de expansão do setor em 2010 de 9% e 6,5%, respectivamente.
De acordo com anúncio feito pelo IBGE nesta quinta, dia 11, o PIB agrícola registrou queda de 5,2% no ano passado, enquanto o nacional caiu apenas 0,2%. Na comparação do quarto com o terceiro trimestre do ano passado, o produto agropecuário ficou estagnado, enquanto o de todos os setores de atividade avançou 2%. No último trimestre de 2009 em relação a idêntico período do ano anterior, o PIB agrícola caiu 4,6%, enquanto o nacional cresceu 4,6%.
? O crescimento da agricultura não pode ser medido por ano ou por trimestre, pois sua atividade é mais concentrada em alguns períodos do ano ? argumentou Stephanes.
O ministro citou como exemplo a soja, cuja venda é realizada no segundo trimestre do ano.
? São atividades sazonais ? disse.
Além disso, Stephanes salientou que a variação de preços é maior nesse setor econômico do que na indústria ou no comércio.
? Isso acaba criando distorções ? avaliou.
Indagado sobre se a agricultura era o “patinho feio” da economia brasileira, o ministro respondeu que, na sua avaliação, o setor era o “cisne”. Ele acrescentou que, no horizonte dos últimos 20 anos, a agropecuária vem apresentando crescimento médio 50% superior ao das demais atividades.
Stephanes lembrou que há anos em que o setor de agricultura recua 2%, mas que também é responsável por crescimentos robustos, como o de 9% verificado há dois anos.
? A agricultura tem esse comportamento ? afirmou.
Mais do que a crise financeira internacional, o principal responsável pela queda da produção no ano passado foi o clima, segundo o ministro. Stephanes recordou períodos de seca, responsáveis por perdas de toneladas de grãos.
? Agora, em 2010, estaremos mais do que compensando essas perdas ? previu.
Já a crise, de acordo com o ministro, não afetou qualquer tomada de decisão a respeito da área plantada – “apesar da queda dos preços, da menor liquidez de crédito e da redução das compras futuras”, enumerou.
Safra
O escoamento da safra 2009/2010 é o principal foco de Stephanes, nos últimos dias no cargo.
? Esta é a grande preocupação do ministro da Agricultura neste momento ? afirmou.
Segundo ele, técnicos da Agricultura tiveram reunião nesta quinta, dia 11, com representantes do Ministério da Fazenda para tentar finalizar impasses a respeito da publicação da portaria interministerial que dita as regras para o apoio à comercialização da safra.
? Esperamos que segunda-feira se feche um entendimento sobre o assunto. Chegamos ao limite das negociações sobre aquela famosa portaria ? disse Stephanes.
Desde o ano passado, a Agricultura precisa de um aval da área econômica do governo para aplicar seus instrumentos de apoio à comercialização. As reuniões entre técnicos das duas áreas ocorrem desde o início do ano sem que tenha se chegado a um consenso até o momento. Fontes da Fazenda afirmaram à Agência Estado, no final do mês passado, que não concederiam uma “carta branca” à Agricultura. Já a Agricultura critica a burocracia que precisa enfrentar para realizar leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), entre outros.
Além disso, Stephanes disse que busca otimizar a ocupação dos armazéns brasileiros e voltou a comentar que o nível de estocagem privada no Brasil, em torno de 15%, está bem abaixo da média mundial que, segundo ele, supera 50%.
? Buscamos uma linha de crédito específica para isso, mas essa é uma questão mais de longo prazo ? afirmou o ministro.