O economista da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Jayme Alves da Febraban, atribui o desempenho à queda da atividade industrial da região. Ele explica que parte importante da indústria é destinada à exportação, como máquinas e equipamentos, segmento duramente afetado pela crise. Também pesou o fato de o Sul ter forte atividade rural, segmento da economia que teve queda da renda.
Analistas explicam o desempenho nordestino pelo dinamismo da economia local e a forte atuação das instituições financeiras públicas. Levantamento do Banco Central revela as regiões mais pobres do Brasil têm liderado a expansão das operações de crédito nos últimos meses.
A expansão acontece nas operações para empresas, que têm sido beneficiadas por investimentos públicos e privados, e também entre as famílias, que experimentaram ascensão socioeconômica com formalização do emprego, aumento da renda e acesso aos serviços bancários. No Nordeste, pessoas físicas e jurídicas tomaram R$ 33,7 bilhões em novos empréstimos nos últimos 12 meses, o que elevou a participação regional no crédito de 11,2% para 12,2%.
No mesmo período, regiões mais ricas – como o Sudeste e Sul – perderam parte de suas fatias de mercado. Nos 12 meses, o crédito avançou 19,9% no Norte, 18,7% no Sudeste e 17,4% no Centro-Oeste. A média nacional foi de 18,3%.
? No Nordeste e Norte, empresas continuaram a ter acesso ao crédito, principalmente dos bancos públicos. O comportamento destoou do restante do País. Nas famílias, a renda aumentou e permitiu o endividamento maior ? diz o economista.
No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, os desembolsos para o Nordeste saltaram 173% entre o fim de 2008 e novembro de 2009 graças a investimentos em ramos como energia, petróleo e gás. Na pessoa física, instituições como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste, que têm grande presença na região, ofertaram grandes cifras alinhadas com a estratégia do governo de manter a economia aquecida. Entre os Estados, Pernambuco liderou o aumento do crédito na região com folga: em um ano, a carteira de empréstimos saltou 65,5%. Segundo o BC, o desempenho foi diretamente influenciado por “elevados financiamentos contratados, em julho, por empresas do setor de petróleo, álcool e coque”.
São Paulo, o mais rico Estado do país, teve um desempenho abaixo da média nacional, com expansão de 14,1% em 12 meses.