A pesquisa, realizada através de uma parceria entre a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), analisou as características físicas e nutricionais da soja produzida no Estado. Foram quatro anos de estudo, mais de 600 amostras colhidas nas principais regiões produtoras e uma confirmação: a qualidade do grão produzido em solo mato-grossense eleva o padrão nacional e supera a média dos Estados Unidos, um dos nossos maiores concorrentes.
? Na composição do grão mato-grossense o índice de proteína varia de 39% a 42% e o de óleo de 17% a 22%. Já o da soja produzida nos EUA alcança teor máximo de proteína de 37% e o de óleo no máximo 20% ? detalha a coordenadora de pesquisa de classificação de grãos da UFMT, Maria Aparecida Caneppele.
Outro ponto positivo é que o grão produzido em Mato Grosso possui os dois índices elevados, ao contrário do que acontece em outros locais. Na China, por exemplo, o conteúdo de proteína supera os 42%. Em contrapartida, o de óleo não chega a 18%. Além disso, o elevado padrão da oleaginosa é praticamente uniforme em todas as regiões do Estado. Isso acontece por conta dos bons trabalhos realizados no campo, mas principalmente, das condições climáticas do Cerrado, já que a temperatura exerce influência direta no teor de proteína existente no grão.
? A cada 1ºC, são acrescidos 6,6 gramas de proteínas no grão. Como a temperatura é elevada e padronizada em todo o Estado, isso acaba sendo uma vantagem para nossos produtores ? explica Maria Aparecida.
Estes resultados comprovam a superioridade nutricional e a vantagem da indústria processar a soja mato-grossense. Cada tonelada esmagada por render até 420 quilos de proteínas, ou seja, cerca de 50 quilos a mais que o volume obtido no esmagamento da mesma quantidade do grão norte-americano. Já com relação ao óleo, o produto mato-grossense pode render até 20 quilos a mais que o grão colhido nos Estados Unidos.
Diferenças que podem garantir a presença da soja brasileira nos principais e mais exigentes mercados consumidores do mundo, segundo a Aprosoja.
? A pesquisa comprovou o que já era comentado, que a soja de Mato Grosso tem qualidade superior a de outras regiões, e que é justamente isso o que mercados, como o Chinês, por exemplo, querem. Mas agora é preciso divulgar isso ? diz o presidente da Aprosoja Glauber Silveira.
Mas apesar dos resultados favoráveis, alguns problemas ainda causam prejuízos aos agricultores. Mesmo não interferindo na qualidade nutricional, os grãos quebrados, mofados e principalmente picados por insetos, como o percevejo, provocam descontos na hora da entrega do produto. Para as lideranças do setor, o manejo no campo precisa avançar.