O superlaboratório Sirius, em fase final de construção, vai impulsionar a pesquisa científica no Brasil e pode mudar as formas de manejo da agricultura. O orçamento total da obra é de R$ 1,8 bilhão. O atual acelerador de partículas do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) tem 93 metros de circunferência. O novo terá 518 metros.
A diferença entre os dois não está apenas na extensão: a tecnologia que será disponibilizada existe apenas em um laboratório na Suécia. Com ela, será possível mapear situações rotineiras do campo, como a absorção de nutrientes pela raiz das plantas. “Podemos observar como esses nutrientes estão sendo transportados, onde eles vão se alojar e entender essa distribuição. Assim, a gente ganha um conhecimento fundamental”, diz Hélio Tolentino, pesquisador do LNLS.
Para isso, os cientistas se utilizam de luz síncrotron, que permite ampliar a imagem. A radiação, invisível a olho nu, é produzida a partir de uma corrente que percorre o acelerador a uma velocidade próxima à da luz, cerca de 300 mil quilômetros por segundo.
A expectativa é receber pelo menos 1.500 estudiosos nos três primeiros anos e dobrar esse número nos anos seguintes. Mas, antes de terem acesso à tecnologia, os projetos terão que passar por uma triagem.
Pesquisador do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), João Carvalho diz que é uma oportunidade única e um desafio grande. “Sou engenheiro agrônomo e a linguagem de um laboratório igual a esse é totalmente física. A gente tem que sair da nossa zona de conforto, mas em prol de algo maior que é conseguir entender coisas que você não conseguia até pouco tempo atrás”, conta, animado. Ele estuda como aumentar a produção de cana-de-açúcar com o menor impacto possível ao meio ambiente.