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Suspensão do uso do benzoato de emamectina surpreende produtores paraguaios

Produtores temem não conseguir controlar a lagarta Helicoverpa armígera na safrinha sem o inseticidaA suspensão temporária do uso e comercialização do benzoato de emamectina no Paraguai atingiu em cheio os produtores daquele país. O Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes do Paraguai (Senave) do país afirma que faltam estudos conclusivos para garantir a segurança do produto para a saúde.

• Veja também: No Brasil, prejuízo com a helicoverpa foi menor do que o esperado

A grande maioria já utilizou o inseticida na safrinha como prevenção à lagarta. A proibição causou grande surpresa entre eles. O produto é considerado o mais eficaz para eliminação da Helicoverpa armigera, lagarta que causou grandes estragos no lado brasileiro.

A equipe de reportagem do Canal Rural esteve no mês de fevereiro nas regiões produtoras do país vizinho e mostrou a utilização do benzoato em grande escala nas lavouras de soja. Nesta segunda, dia 14, retomamos o contato com produtores da região por telefone. Foi utilizando o benzoato que os produtores eliminaram a helicoverpa e alcançaram altos índices de produtividade na útlima safra. Algumas lavouras visitadas em fevereiro produziram mais de 80 sacas por hectare. O inseticida, inclusive, já foi utilizado de forma preventiva na safrinha, plantada no início do ano.

– Se o ataque da lagarta for como no último ano, na safrinha vai se tornar inviável plantar porque do jeito que atacou aqui, come tudo. Se não liberarem o benzoato, vai ser difícil plantar a safrinha – diz Valderlei Schorr, que produz soja no município paraguaio de Santa Rita.

A resolução que proíbe o uso e comercialização do inseticida também estabelece que os produtos contendo a substância ativa devem ser retidos em depósitos, centros de recolhimento de produtos fitossanitários, agrorevendas e outros lugares onde o produto é encontrado, sob a responsabilidade estrita do proprietário. O proprietário da revenda visitada pela nossa equipe afirmou nesta segunda que, somente para safrinha, já vendeu mais de sete mil quilos de benzoato. Ernani Hammes tem atualmente mais de dois mil quilos no estoque. Segundo ele, a fabricante do produto (Syngenta) já está em contato com os revendedores.

– Nós estamos conversando, mas primeiro eles querem tratar de formalizar com o governo. Tem 30 dias para passar para o governo uma proposta. Por enquanto, não recolheram ainda, mas estamos suspensos, não podemos vender nada – relata Hammes.

Com a suspensão no lado paraguaio aumenta o desafio das autoridades brasileiras no combate ao contrabando, esquema denunciado aqui pelo Canal Rural. Em Brasília, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) admitiu que o volume de benzoato comercializado no Paraguai é muito maior do que o necessário para agricultura daquele país.

– Tem registro de benzoato no Paraguai para utilização na sua área. A gente tem verificado um volume muito grande de produto, que é muito maior do que seria a demanda da agricultura paraguaia para controle desta praga. É uma liberação de registro e importação de produto que ultrapassa em muito a quantidade que seria necessária naquele país – aponta o coordenador geral de agrotóxicos do Mapa, Júlio Britto.

No Brasil o benzoato é liberado apenas em estado de emergência fitossanitária contra a helicoverpa. No Paraguai, a situação era bem diferente.

• Saiba mais sobre a helicoverpa

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