No mercado desde 2003, os carros com motor flex representam hoje mais de 80% da frota brasileira. Os especialistas reunidos no Ethanol Summit não tem dúvidas de que é possível a indústria da cana-de-açúcar contribuir ainda mais com a chamada economia de baixo carbono.
O presidente da associação que representa a indústria automobilística garante que, do lado produz o carro flex, o trabalho tem sido constante.
? Há uma evolução constante e essa evolução não está alinhada só com a eficiência energética, mas também com as emissões de poluentes. Todas as montadoras estão investindo em inovação, novas tecnologias, trabalhando em laboratórios para melhorar a performance dos seus veículos ? afirma Cledorvino Belini, presidente da Anfavea.
Somente para atender a frota flex, o setor acredita que é preciso pelo menos dobrar a produção de etanol nos próximos anos e, junto com isso, garantir a oferta de açúcar e energia de biomassa. Para os especialistas, o Brasil está bem na frente do restante do mundo no domínio deste tipo de tecnologia e tem todas as condições possíveis de produzir de forma sustentável, do ponto de vista social e também ambiental.
? É perfeitamente possível esse negócio ocorrer, crescer no Brasil sem a contradição entre competição alimento-energia e sem maior pressão por desmatamento. No caso brasileiro, eu acho que funciona bem, onde eu vejo problema é no mundo, porque os americanos não conseguem aumentar a produção, os europeus não conseguem, os asiáticos não conseguem ? diz André Nassar, diretor geral do Icone.
O secretário de mudanças climáticas do ministério do Meio Ambiente, Eduardo Assad, concorda.
? A cana-de-açúcar tem hoje uma possibilidade de expansão no brasil em áreas degradadas de plantio, num valor de 44 milhões de hectares além do que nós já temos hoje. Nós levamos 500 anos pra chegar a 8 milhões de hectares de área plantada. Então, é sustentável sim, à medida que não invade app, não invade reservas legais, não invade áreas já protegidas no país ? explica Assad.
Para o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Goldemberg, não basta só a ação da iniciativa privada. O governo também tem que ser mais firme na cobrança por maior eficiência energética.
? Com a crise financeira, o governo tentou acelerar a venda de automóveis reduzindo o IPI. Foi uma medida ótima porque aumentou a venda de carros. E o governo desperdiçou uma ótima oportunidade. Deveria ter exigido que a redução do IPI fosse acompanhada de um aumento na eficiência energética ? afirma Goldemberg.