Syngenta é vendida para empresa chinesa por US$ 43 bilhões

Aquisição é a maior já realizada por companhia da China. Monsanto tentou comprar multinacional suíça no ano passado, mas desistiu do processo

Foto: Strebel H.P./Syngenta

Reportagem publicada em 3 de fevereiro de 2016

O conselho de administração da Syngenta, multinacional de sementes e agroquímicos com sede na Suíça, aceitou nesta quarta-feira, dia 3, a oferta de compra da estatal chinesa ChemChina por US$ 43 bilhões. O acordo deve ser concluído até o fim deste ano. Com o anúncio, as ações da Syngenta subiram 6,5% na Bolsa de Zurique.

A norte-americana Monsanto havia iniciado um processo de aquisição da Syngenta em maio de 2015, com oferta de US$ 46 bilhões. A negociação não teve sucesso e foi abandonada em agosto. Em novembro passado, surgiram os primeiros boatos sobre o interesse da ChemChina sobre a gigante suíça.

A compra da Syngenta a maior aquisição de uma empresa chinesa na história e oferecerá à ChemChina tecnologia de ponta no desenvolvimento de sementes. Para a Syngenta, o acordo apresenta a possibilidade de capitalizar a empresa e garantir o acesso ao mercado chinês. Nesta quarta, a empresa suíça divulgou seus resultados financeiros de 2015, reportando lucro líquido de US$ 1,339 bilhão, 17,29% menor que em 2014.

Monsanto

O sócio da consultoria Agrosecurity Fernando Pimentel acredita que o acordo entre as companhias suíça e chinesa deve levar a Monsanto a buscar adquirir companhias de menor porte no setor de agrotóxicos.

“Com a operação, a Monsanto perdeu a oportunidade da década. Nos últimos anos a empresa tinha começado a buscar oportunidades e sinergia da biotecnologia (sementes transgênicas) com a química (agrotóxicos). Agora terá de buscar alternativas de menor porte se quiser ampliar atuação na área química”, afirmou Pimentel.

Uma das razões para a avaliação de que a Syngenta era a melhor opção para a Monsanto, segundo o consultor, é a abrangência do portfólio de agroquímicos da companhia suíça, formado por inseticidas, fungicidas, herbicidas e acaricidas destinados a diversas culturas.

Pimentel ponderou que, caso a companhia norte-americana venha a adquirir empresas de menor porte que a Syngenta, terá de investir no desenvolvimento de um portfólio de produtos, algo com o que grandes companhias já contam.

“As empresas médias, de forma geral, não têm pipeline, um plano de lançamentos. As grandes, por contarem com área de pesquisa forte, já têm isso”, explicou.

Segundo Pimentel, a operação entre Syngenta e ChemChina abre oportunidades, no curto prazo, para concorrentes da companhia suíça. “Em dois ou três anos, a empresa tende a perder um pouco o foco até definir uma diretriz mais clara de negócios. É uma oportunidade inicial para os concorrentes. Mas depois ela deve acertar seu caminho”, disse o consultor.