Há 12 anos, ele e a mulher Rosângela herdaram um terreno e foram atrás de uma empresa que os contratasse para começar a plantar. Desde então, a pequena casa do casal se transformou em um lugar confortável, com direito a carro do ano na garagem e computador com acesso à internet.
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Segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), mais de 60% dos produtores brasileiros não chegam a ter 10 hectares de terra. Para eles, o tabaco é uma chance de lucrar com uma cultura que não passa pelos gigantes do agronegócio, como no caso da soja e do milho. Para a indústria, é a manutenção de um dos principais produtos da pauta de exportação brasileira, ainda que seja fruto de uma relação de dependência que sustenta um negócio milionário e repleto de polêmicas.
Antes de ter o sítio, Soares trabalhou por 12 anos como empregado em outras propriedades da região e diz que só conseguiu entrar no negócio graças à confiança da empresa que o contratou.
– Não tínhamos experiência ou máquinas – relata.
Além dos 85 mil pés de fumo, o casal diversifica os negócios com uma pequena produção de sementes de flores ornamentais e de hortaliças, vendidas para escolas do município.
– O dinheiro das hortaliças mal paga o custo de produção. Todos falam que quem planta tabaco tem que diversificar, mas é preciso encontrar um jeito de continuar ganhando dinheiro – diz.
O vizinho Sílvio Janizewski afirma estar na mesma situação.
– Trabalho com meu pai na lavoura. Hoje, temos 78 mil pés. Estamos plantando menos, porque nosso terreno é pequeno e, como só temos duas estufas e trabalhamos em três, se plantarmos mais, perderemos parte da produção. No restante do ano, plantamos aveia e centeio, mas não dá para diversificar tanto quanto o governo diz. O dinheiro vem do tabaco – aponta.
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