A produção de mudas de cebola de qualidade geralmente exige atenção especial quanto ao controle das ervas espontâneas, sob pena de comprometer drasticamente o desenvolvimento das mudas.
Especialmente para os agricultores orgânicos, isso significa várias intervenções durante o ciclo de desenvolvimento das mudas, com o arranquio manual dos inços.
? Além do trabalho demorado e penoso, em geral os resultados não são muito animadores ? explica o pesquisador Hernandes Werner lembrando que, se o manejo for realizado tarde, a competição com o ‘mato’ prejudica as mudas.
Para facilitar a atividade e melhorar a qualidade das mudas é que a técnica foi desenvolvida. Ela baseia-se em cobrir o canteiro com uma camada de folhas de jornal ou bobina de papel Kraft, com gramatura de 80 gramas por metro quadrado ? uma bobina de 20 quilos cobre em torno de 250 metros quadrados de canteiro.
A técnica consiste em preparar o canteiro, irrigar e cobrir com apenas uma folha de jornal ou com o papel Kraft, sobre este é depositado uma camada de composto de dois a quatro centímetros de altura. Faz-se então a semeadura da cebola, utilizando-se 2,5 g/m² de sementes, que são cobertas com uma camada de um a dois cent[ímetros de serragem.
As sementes dos inços que estão abaixo do papel não conseguem emergir. E o composto, além de servir de leito e adubação orgânica equilibrada para as sementes, induz uma melhor sanidade das mudas, e pode ser preparado na propriedade ou adquirido de empresas idôneas. Recomenda-se complementar a técnica utilizando um sistema de irrigação com fita Santeno, mais apropriado para irrigar as frágeis plântulas de cebola na fase inicial de crescimento.
A técnica está sendo utilizada por produtores ecológicos.
? Os produtores perceberam que com a técnica não há necessidade de arranquio manual para controlar as plantas espontâneas e que o resultado são mudas mais sadias e de melhor qualidade, que não sofreram competição com os inços ? relatou Werner.
Além disso, o sistema diminui o custo do produtor com mão de obra e também por não utilizar adubos químicos, herbicidas ou outros agrotóxicos. A técnica também pode ser utilizada para a produção orgânica de mudas de outras hortaliças como, por exemplo, a beterraba ou a cenoura em plantio definitivo.