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Técnicas agrícolas aumentam produtividade em solo arenoso

Entre as técnicas utilizadas que permitiram o uso dos solos leves na agricultura estão o Sistema Plantio Direto (SPD), os sistemas integrados de produção, como o de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e o de Lavoura-Pecuária Floresta (ILPF) e o agroflorestal (SAF)

Fonte: Pixabay/divulgação

O uso de tecnologias conservacionistas tem permitido que os solos arenosos, também chamados de solos leves, passem a ser utilizados para produção de grãos, fibras, materiais energéticos, cana-de-açúcar, silvicultura e pastagens cultivadas. De acordo com a Embrapa, com o uso de novas técnicas agrícolas, esses solos registram aumento de produtividade, especialmente na região do Matopiba, onde 20% do território é formado por esse tipo de solo.

Com cerca de 73 milhões de hectares, que abrangem todo o Estado do Tocantins e parte dos estados do Maranhão, Piauí e Bahia, a produção na região do Matopiba saltou de 2,3 milhões de toneladas de grãos em 2010 para uma safra aproximada de dez milhões de toneladas em 2015. Muitas dessas terras cultivadas são constituídas de solos leves que, por ocasião da abertura dessa nova fronteira agrícola, eram pouco valorizadas. Até então, seu uso destinava-se quase que exclusivamente ao fornecimento de pasto para pecuária e a áreas de florestas.

“É importante destacar que o plantio em solos leves com o aumento de produtividade só está sendo possível nessas áreas por causa do uso de técnicas de manejo sustentável, em detrimento das tradicionais. Caso contrário, teríamos como paisagem predominante solos degradados, com baixa produtividade, em razão principalmente da erosão e com o comprometimento dos aquíferos”, enfatiza o pesquisador da Embrapa Solos Guilherme Kangussu Donagemma.

Entre as técnicas utilizadas que permitiram o uso dos solos leves na agricultura estão o Sistema Plantio Direto (SPD), os sistemas integrados de produção, como o de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e o de Lavoura-Pecuária Floresta (ILPF) e o agroflorestal (SAF) que permitem maior produção de matéria orgânica no solo, propiciando maior disponibilidade de nutrientes e mais disponibilidade de água.

As informações sobre o manejo de solo estão no artigo Caracterização, potencial agrícola e perspectivas de manejo de solos leves no Brasil , resultado de pesquisa desenvolvida por especialistas da Embrapa Solos (RJ), Embrapa Agrossilvipastoril (MT), Embrapa Milho e Sorgo (MG), Embrapa Gado de Corte (MS) e Embrapa Pesca e Aquicultura (TO).

O trabalho integra o conjunto de 71 artigos que compõe a mais nova edição temática da Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB): O solo como fator de integração entre os componentes ambientais e a produção agropecuária. A PAB é um periódico técnico-científico publicado pela Embrapa e completou 50 anos em 2015.

O artigo que descreve essas condições encerra um ciclo de atividades de pesquisa que começou em 2011. O trabalho consistiu em realizar análises detalhadas da composição dos solos leves de áreas agricultáveis, entre elas, de Guaraí (TO) e Luís Eduardo Magalhães (BA) – municípios localizados na região de Matopiba –, e também de áreas fora da nova fronteira agrícola, considerados relevantes para a balança comercial brasileira por sua importante produção de soja, cana-de-açúcar e pecuária, como Campo Verde (MT), Mineiros (GO), Chapada Gaúcha (MG), Botucatu e Pirassununga (SP), Alegrete (RS) e Correntina (BA), além da área irrigada de Petrolina, onde se destaca a produção de manga para exportação.

Potencial agrícola dos solos leves

Segundo Donagemma, que é um dos autores do artigo, os estudos permitiram ampliar o conhecimento sobre os diversos tipos de solos leves existentes no País. “As análises demonstraram que há uma variabilidade da presença do componente areia fina nesses solos, o que impacta diretamente em seu potencial agrícola, quando associado ao índice de precipitação pluviométrica nas regiões estudadas”, destaca.

Como exemplo, o cientista cita os estudos comparativos realizados entre três regiões. Na Chapada Gaúcha, região com distribuição irregular de chuvas, onde a precipitação pluviométrica anual é de 900 a 1.000 milímetros, o cultivo de soja em solos leves rendeu aproximadamente 50 sacas por hectare. Em Guaraí, onde a incidência anual de chuvas é maior, entre 1.200 a 1.400 milímetros/ano, registrou-se uma colheita de 70 sacas por hectare, e em Campo Verde (MT), onde chove mais de 1.800 milímetros por ano, o resultado foi superior a 70 sacas de soja/ano. “Portanto, os resultados estão associados, primeiramente, às boas práticas conservacionistas dos solos leves, mas também à composição desse solo e à quantidade de chuvas por ano”, disse o especialista.

Outra conclusão apontada pela pesquisa é que há diferentes solos de textura leve, que muitas vezes têm sido tratados, por alguns técnicos e produtores, como semelhantes, em razão, nesse caso, da avaliação do solo ser apenas superficial, na camada de até 20 a 30 cm. Para a correta análise da composição desses solos é necessária uma avaliação do perfil de 75 cm ou mais.

Manejo sustentável

O trabalho dos pesquisadores, detalhado em artigo da Revista PAB, também enfatiza como boas práticas de manejo sustentável a adoção do ILPF, no qual é recomendado o plantio de eucalipto nas áreas estudadas na Bahia, por exemplo; a teca, em Mato Grosso; e a seringueira, em São Paulo.

No caso das seringueiras, quando plantadas em áreas consideradas zonas de escape para sua principal doença – o mal-das-folhas (causada por fungos), registram-se elevadas produtividades de látex. “Essas áreas de plantio se caracterizam por menores precipitação e umidade em relação aos biomas Amazônia e Mata Atlântica, onde essa doença normalmente ataca as seringueiras. Assim, nessas áreas, não há o ataque da doença, e são obtidas produtividades elevadas de látex”, exemplifica Donagemma.

Em áreas de plantio de cana-de-açúcar, o estudo observou a adoção de sistemas conservacionistas como o plantio direto e a ausência da queima dos resíduos culturais como forma de se promover a melhoria das condições físico-hídricas do solo e assim melhorar o potencial genético da cultura, sua produtividade e longevidade.

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