O tempo seco foi o principal inimigo dos agricultores da região centro-sul de MS durante a safra de inverno. A estiagem, que chegou a durar mais de 50 dias em algumas cidades, comprometeu o desenvolvimento das plantas e atingiu em cheio a produtividade das lavouras. A previsão da Conab aponta queda de pelo menos 27% na produção de milho safrinha no Estado, o que significa uma redução de quase 800 mil toneladas no volume produzido do grão.
Segundo a Federação de Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), esta quebra deve ser ainda maior do que a prevista pela Conab. A estimativa da entidade é de que a seca tenha provocado uma redução de ao menos 40% na produtividade das plantações de milho. Isso sem calcular os efeitos causados pelas geadas que atingiram lavouras no sul do Estado na última semana, situações que confirmam que os prejuízos dos agricultores nesta safra serão grandes.
Diante disso, a Famasul encaminhou um ofício ao Ministério da Agricultura solicitando que o ministro Reinhold Stephanes interceda junto ao Conselho Monetário Nacional para tentar ampliar o prazo do vencimento das dívidas de custeio e investimento de produtores de 14 municípios de Mato Grosso do Sul. Estas cidades, que são responsáveis por aproximadamente 40% da produção de milho safrinha do Estado, também registraram perdas significativas nas lavouras de soja durante a safra de verão. No entanto, só tiveram os pedidos de estado de emergência homologados pelo Estado após o dia 27 de maio, data estipulada pelo CMN como limite para a homologação.
? Estas cidades são bastante representativas para a produção agrícola de MS e, se o pedido não for aceito, os produtores locais encontrarão muitas dificuldades para conseguir quitar seus compromissos ? explica o assessor da Famasul, Lucas Galvan.
Em Mato Grosso do Sul produtores de outros 10 municípios tiveram os prazos prorrogados. Entre eles, Dourados e Maracajú, os principais produtores de grãos. Cenário que comprova que os efeitos da estiagem nas lavouras foram sérios, e que também pode provocar alterações nos mercado do milho no Estado.
? A tendência é de que os preços do milho subam, e que, com a queda do dólar, o produto amplie a sua competitividade no mercado internacional, o que aqueceria a procura pelo grão ? afirma o consultor econômico Sérgio Dualibi.
? É importante que o governo federal crie uma ferramenta que possa garantir a rentabilidade da atividade, como, por exemplo, o seguro rural no formato solicitado pelo setor ? completou Galvan.