Tendência para preços é de queda com entrada de safra brasileira 2014/2015

Analista Pedro Dejneka fala sobre as perspectivas do mercado para o ano que vemEm uma semana de negócios mais lentos, por causa das festas de fim de ano, os produtores brasileiros estão atentos ao clima, ao desenvolvimento da safra e às oportunidades, diante da alta recente do dólar. 

Para falar das tendências para esse fim de 2014 e começo de 2015, o Rural Notícias entrevistou o sócio-diretor da AGR Brasil, Pedro Dejneka, que está em Chicago, nos Estados Unidos.

Canal Rural – O que podemos esperar deste final de 2014 e começo de 2015 para os preços das commodities?
Pedro Dejneka – Você tem a situação do petróleo, que complicou bastante, o mercado ficou bastante sensível. O que está acontecendo pode ser justificado nos fundamentos do próprio petróleo. Vários líderes entram em 2015 preocupados com deflação, e não com a inflação. Vários líderes preferem ter inflação à deflação. A deflação é mais complicada, poderia trazer preços menores de commodities para o mundo.

Canal Rural – O que a gente pode esperar de patamares de preços para 2015? Safras recordes nos país, o que podemos adiantar?
Pedro Dejneka – O patamar de preços internacional deve estar bem menor que o produtor está acostumado nos últimos anos. Principalmente para a soja, indo abaixo dos níveis de baixa que foram registrados no final de setembro, início de outubro. Tivemos safra recorde atrás de safra recorde, deixando os estoques em níveis historicamente altos, com o clima bom no Brasil para esta safra e o produtor norte-americano pensando em plantar ainda mais no ano que vem. Falamos de preço internacional em um patamar de US$ 7,50 a US$ 11,50, talvez. Para o produtor brasileiro não podemos deixar de falar de câmbio, tem produtor recebendo mais por sua saca hoje do que no ano passado. Então, deve ficar de olho no dólar, na economia do Brasil, em como os investidores internacionais se comportarão.

Canal Rural – A demanda chinesa deve sustentar mercado?
Pedro Dejneka – A demanda chinesa sustenta o mercado agora, principalmente nos últimos dois meses, o ritmo de demanda chinesa pela soja norte-americana é realmente fortíssimo, já está precificado, em parte, pelo USDA. A chave para os próximos dois meses é se a demanda irá ou não para a América no sul. A expectativa é de que ela vá agressivamente para o Brasil, que o Brasil tome a rédea da originação global de soja a partir de meados de fevereiro. Se isto não acontece, os estoques americanos seriam diminuídos e os preços estariam um pouco mais sustentados. Mas acreditamos que com clima bom, já em meados de janeiro temos a possibilidade de preços recuando um pouco, rumo à área dos US$ 10, aguardando mais dados sobre a demanda e clima.