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Tendência é que uso de controle biológico contra pragas aumente, diz pesquisador

Segundo Ivan Cruz, mesmo assim, inseticidas ainda serão muito utilizados na agriculturaA lagarta-do-cartucho, que é a principal praga do milho no Brasil, causa perdas na produtividade de até 34% e todos os anos obriga o agricultor a fazer medidas de controle com o uso constante de inseticidas.

– A consequência imediata tem sido o desenvolvimento de populações resistentes a esses produtos e a eliminação dos agentes de controle biológico natural – alertou o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Ivan Cruz, durante o Encontro Técnico sobre Manejo e Controle Biológico de insetos-pragas em milho e soja e Inoculantes e Promotores de Crescimento em Plantas, ocorrido na última semana na Universidade Federal de Santa Maria (RS).

Para o pesquisador e doutor em Entomologia Ivan Cruz, é preciso entender que, para o agricultor, além das perdas econômicas pelo alto custo de produção e pela redução em produtividade, há ainda o prejuízo ambiental, na biodiversidade, com o crescimento do uso de inseticidas.

– Mesmo com o avanço da ciência, mostrando os efeitos negativos dos produtos químicos e com a pressão intensa realizada pela sociedade, os inseticidas ainda são e serão muito utilizados na agricultura mundial – disse.

Apesar disso, Ivan Cruz disse que vários fatores indicam que o controle biológico de pragas tende a crescer em termos de demanda, em nível mundial.

– A tendência é o aumento no uso do controle biológico em todos os sistemas de produção devido à demanda clara para uso de práticas agrícolas menos agressivas ao ambiente. Para tanto, precisamos repensar a mídia, que mostra tudo, mas não mostra o essencial. Nós não conhecemos a biodiversidade, não conseguimos separar um inseto de uma praga. Precisamos caminhar mais, e essa caminhada é com o agricultor, com a extensão rural, com a pesquisa, com a divulgação das graves consequências do consumo de agrotóxicos, todos juntos – assinalou o palestrante.

Para Cruz, o método biológico precisa ser associado, sempre tendo em mente o papel dos agentes de controle natural em restabelecer o equilíbrio no sistema agrícola.

– Desta maneira, o método associado ao controle biológico deve receber especial atenção do agricultor – disse ele.

Cruz também destacou que uma das principais barreiras ao avanço do controle biológico, “é, sem dúvida nenhuma, baseada fundamentalmente em posições políticas”.

– Poucos governos investem o suficiente em pesquisas agrícolas. Os recursos, já escassos, são insuficientes mesmo para a área de entomologia, e mais ainda para os programas de controle biológico. Mesmo que se tenha vontade política, os recursos para as pesquisas em controle biológico são ainda muito pequenos.

O pesquisador disse ainda que a conservação é um dos modos mais fáceis para os agricultores iniciarem o controle biológico nas propriedades e deveria ser uma prioridade em um programa visando o aumento populacional de um agente de controle biológico.

– Enquanto há práticas que podem beneficiar, outras podem prejudicar a ação dos inimigos naturais. O entendimento da biologia e do ciclo de vida dos inimigos naturais específicos que se pretende conservar é o primeiro passo para se alcançar os melhores resultados – apontou Ivan Cruz.

A palestra de Ivan Cruz também salientou que o controle biológico das pragas, utilizando os recursos da natureza, apresenta vantagens adicionais em relação aos métodos que utilizam a pulverização: não necessita de máquinas e equipamentos de alto custo e, principalmente, não utilizam água, um recurso natural a ser preservado.

A proposta de Ivan Cruz é a de estimular a instalação de biofábricas regionais para multiplicar o controle biológico na agricultura brasileira.

– A agricultura pode criar mais uma fonte de empregos e de renda no interior do país – diz o pesquisador.

Segundo ele, o controle biológico no milho já tem 17 espécies eficientes.

– A Embrapa Milho e Sorgo dispõe de tecnologia sobre a multiplicação e o uso de espécies que controlam diferentes pragas na cultura, principalmente a lagarta-do-cartucho – relata.

Conforme o pesquisador, nas biofábricas os custos de produção são pequenos e os lucros podem ser grandes, pois toda plantação está sujeita ao ataque de pragas e seus inimigos naturais são sempre muito bem-vindos.

– Não é preciso muito espaço, nem equipamentos sofisticados, e a contribuição para uma agricultura mais inteligente e desenvolvida é enorme, visto que, aqueles que se preocupam em preservar os solos, já utilizam o controle biológico em larga escala – disse. Conforme Cruz, hoje existem 64 biofábricas no Brasil.

Realizado também nas cidades gaúchas de Erechim e Palmeira das Missões, o objetivo da rodada de eventos do Encontro Técnico foi fomentar e difundir os conhecimentos relacionados aos defensivos naturais na agricultura, desde a sua prospecção até a sua utilização por produtores.

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