Tensão entre produtores e índios cresce em Mato Grosso do Sul

Sindicato e fazendeiros estão contratando seguranças particulares para evitar novas invasõesCresce a tensão entre produtores rurais e indígenas que invadiram terras em Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira com o Paraguai. Desobedecendo um acordo que envolveu o Ministério Público e a própria Fundação Nacional do Índio (Funai), os índios invadiram também a sede da Cambará, em agosto passado. Para garantir a segurança, o Sindicato Rural do município de Iguatemi contratou uma empresa de segurança para impedir novas invasões.

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A situação é tensa também em outras 46 fazendas da região. Todas estão localizadas dentro da área demarcada como indígena pela Funai, mas a decisão ainda não foi publicada no Diário Oficial da União. Para evitar novas invasões, pecuaristas da região resolveram agir. O proprietário da fazenda Cachoeira, Valdir Grapegia, está gastando cerca de R$ 15 mil por mês com segurança privada. Agora, o Sindicato Rural da cidade de Iguatemi contratou uma empresa particular para reforçar a segurança em toda área.

– Segurança registrada e documentada é muito caro. Não tem muitas empresas que fazem isto, mas felizmente conseguimos uma. Está tudo regularizado, contrato registrado e eles estão cuidando das propriedades – diz o presidente Sindicato Rural do município, Hilário Parise.

O dono da fazenda Cachoeira afirma que o maior culpado pela tensão é o governo federal, que, segundo ele, trata o processo de forma política.

– Tem 50 anos de paz, já existia a aldeia sassoró do outro lado quando compramos a fazenda e nunca tivemos problemas com os índios. Estes acontecimentos vem nos últimos dois anos, não sei se influenciado por Ongs ou pela própria Funai, mas os índios estão muito revoltados em relação aos fazendeiros – diz Grapegia.

O produtor salienta que está com todos impostos dentro da lei e que o problema deve ser resolvido pelo governo.

– Você contribuiu 50 anos com seus encargos, seus impostos, tributos para tentar dentro da lei cumprir exigências ambientais, fiscais do governo. E mesmo assim estamos vivendo com esta insegurança. Não estou dizendo que o índio está errado, se o governo acha que tem que aumentar a quantidade de terra para o índio, é preciso intervir, indenizar o fazendeiro, comprar as áreas, mas não deixar este conflito – afirma Grapegia.

Para receber uma possível indenização, os fazendeiros de Iguatemi vão ter que esperar. A prioridade no momento são as indenizações referentes a 11 mil hectares na região de Buriti, também no Mato Grosso do Sul.

Segundo a Federação Agricultura e Pecuára de Mato Grosso do Sul, 82 em 22 municipios estão ocupadas.

– Se tem a impressão que o governo está esperando acontecer algo, para só depois tomar uma decisão. Estamos muito preocupados. A qualquer momento pode haver um conflito grande que vai dar uma repercussão nacional – diz Parise.

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