Termina neste domingo (6), no Parque da Água Branca, zona oeste de São Paulo, a 3ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária. Cerca de 900 agricultores de 23 estados, além do Distrito Federal, oferecem mais de 1,2 mil produtos. Clique aqui para mais informações
“Castanha de caju, coco, farinha de mandioca, mamão, banana, abóbora, doce de leite, doce de caju, melado, rapadura. Isso é só um pouco da diversidade da produção no Ceará”, diz o agricultor Messias Bezerra.
Assim como a barraca cearense, produtos característicos de todas as regiões do país são oferecidos na feira. O cacau veio da Bahia, o açaí foi trazido do Pará e o pinhão não falta nas tendas dos estados do Sul. Além da diversidade, o movimento traz como proposta a produção de alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos.
“Isso não pode ser privilégio de quem tem poder aquisitivo. Entendemos que o Estado brasileiro precisa subsidiar a agricultura, como é feito em todo o mundo, para que todos possam comer alimentos saudáveis, de qualidade, sem veneno”, defendeu Débora Nunes, da direção nacional do movimento.
A educadora Rosângela Rosa, 54 anos, soube do evento pela televisão. Ela costuma frequentar a feira de orgânicos no Parque da Água Branca, mas diz ter ficado impressionada desta vez com a quantidade de alimentos.
“Muita variedade, gente de todos os estados, tudo organizado e os produtos são diferentes do que a gente tem aqui em São Paulo”, relatou. Tapioca, banana da terra, limão, hortaliças já estavam na sacola da educadora. “Também estou de olho nos artesanatos. Já vi ali as barracas com colares”, ressaltou.
O veterinário Floriano Barciela, 54 anos, veio de Sorocaba para participar da feira pela segunda vez. Ele é agricultor orgânico há dois anos. “Venho conversar, fazer contatos e comprar alguma coisa. Estou há pouco tempo nisso [agricultura], cerca de dois anos, então ainda não tenho muita informação para passar. Vou adquirindo mais conhecimento para depois repassar para outras pessoas”, apontou. Durante a feira, além do diálogo direto com os agricultores, é possível trocar ou comprar sementes e mudas.
Culinária
Para Débora Nunes, a feira é um momento de encontro entre o campo e a cidade e a possibilidade de compartilhar diversos aspectos da vida rural, como as experiências de práticas de saúde com cuidados tradicionais, apresentações culturais, culinária e artesanato.
“Trazemos outras dimensões do campo e quem não conhece acampamento e só sabe o que passa nos grandes meios de comunicação não consegue visualizar os sem-terra. Aqui é essa possibilidade.”
Um dos espaços de destaque é a Culinária da Terra, com 18 cozinhas com cerca de 50 pratos característicos de cada estado do país: ventrecha de pacu, entrevero de pinhão, carreteiro, arroz de pequi e bode são alguns que podem ser degustadas.
“É um espaço em que a gente demonstra na prática como é a nossa vivência nos acampamentos e assentamentos, levando em consideração a questão cultural dos estados e das regiões e oferecendo alimentos saudáveis”, disse Elizabeth Rocha.
Regina da Costa, 42 anos, é assentada há 20 anos na cidade de Estreito no Maranhão. Na barraca do estado é possível experimentar o arroz de cuxá, um prato típico maranhense.
“É uma planta que nasce muito no nosso estado e é bem azedinha. Ela é conhecida também como hibisco e vinagreira. A gente refoga a folha um pouquinho, mistura junto com camarão, refoga no alho com azeite de coco e arroz branquinho”, descreveu.
A agricultora, que é formada em Agronomia, explica que o cuxá nasce espontaneamente e é muito aproveitado pelas famílias sem terra também na forma de creme e que a planta possui importantes propriedades. “É rico em ferro e é também diurético.”