Em várias propriedades as folhas do café amanheceram queimadas pela geada nesta terça. O agricultor Roberval Aparecido da Silva fez o enterrio das mudas de café, plantadas há dois meses. A proteçao funcionou e as mudas permaneceram saudáveis. No chegamento de terra feito na base das plantas jovens o resultado também foi positivo. Com cinco mil mudas na propriedade, o produtor evitou um prejuízo de R$4 mil.
? É muito trabalho, mas vale a pena, porque se não fosse isso a gente perderia a muda, o custo da muda, o trabalho e o tempo que a gente perde até fazer tudo de novo ? conta.
O Paraná tem 75 mil hectares com café. Como geou em quase todo o Estado, os cafezais foram afetados, mas a prevenção dos agricultores tem reduzido as perdas. A maioria se apóia no serviço de alerta geada do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). O instituto consegue disparar o aviso 48 horas antes do fenômeno climático ocorrer.
A geada queimou as folhas da copa das plantas de mais idade, mas isso não deve comprometer a produtividade. Nas plantas mais jovens, de seis meses a dois anos, as técnicas do enterrio e do chegamento de terra ajudaram a evitar perdas de até R$ 20 milhões na cafeicultura paranaense, com uma geada severa no ano de 2000.
Há 11 anos a temperatura na região de Londrina caiu para -1,3C°. Na madrugada desta terça os termômetros marcaram 1,2C°. O milho safrinha é a cultura que deve registrar maior quebra no Estado, especialmente nas lavouras em fase de floração e frutificação. Neste inverno o Paraná aumentou a área com milho em 27%, são 1,7 milhão hectares. A estimativa de safra antes da geada era de 7,5 milhões de toneladas. Hortaliças e pastagens também foram prejudicadas. A Secretaria de Agricultura prepara um levantamento das perdas. O relatório deve ser divulgado em 10 dias.
Segundo o serviço de alerta geada do Iapar, a massa de ar frio que está sobre o Estado começa a se deslocar para o oceano atlântico. Ainda assim, há risco de geadas no sul, no centro e nos campos gerais.