TO: falta de ponte quase triplica valor com transporte da soja

Produtores do sudoeste do estado chegam a percorrer uma distancia de 155 quilômetros a mais para contornar o problema

Sebastião Garcia, do Tocantins
Produtores do sudoeste de Tocantins estão pagando pelo menos 133% mais caro pelo transporte da soja, do que deveriam. Isso por conta de mais uma promessa de governo que não se realiza nunca, a construção de uma ponte essencial para o transporte dos grãos da região até armazéns e tradings.

Hoje, 175 quilômetros separam os sojicultores da região, até o polo de entrega de seus grãos. Parece pouco, mas a realidade poderia ser bem diferente e traria economia a todos, caso o governo do estado cumprisse sua promessa. Isso porque outro caminho bem mais curto e econômico segue intransitável.

personagem soja

Para se ter uma ideia, o produtor Joaquim Graciano da Silva, com propriedade em São Valério da Natividade, gasta em média R$ 3,50 por saca só com o transporte, o que representa no final das contas mais de R$ 60 mil por safra. Se o deslocamento fosse realizado por outro caminho, a apenas 20 quilômetros dos armazéns, produtores como o Da Silva economizariam 133%, ou seja, R$ 2 por saca, valor importante para determinar lucro ou prejuízo em uma temporada.

A estrada em questão é cortada por um rio, chamado Manoel Alves, que não possui uma ponte. No máximo uma pequena balsa para travessia de um carro por vez, ou um caminhão toco. A estrada que leva ao rio é estadual, e também precisa de infraestrutura, já que é feita de terra mal batida, que em dias de chuva complica a vida dos usuários. “Sem esta ponte sobre o rio Manoel Alves, inviabiliza a agricultura neste lado do rio. Temos estradas muito boas, mas com longo trajeto. E outras, como esta que traria economia, mas são impraticáveis”, conta Maximiliano Sabatke, vice presidente regional sudeste da Associação dos Produtores de Soja de Tocantins (Aprosoja-TO).

A preocupação da Aprosoja-TO levou seus dirigentes a marcar uma reunião com mais de 100 produtores da região para debater o assunto e tentar criar estratégias para conseguir, junto ao governo, uma solução. “Já fizemos este pedido para a construção de uma ponte diversas vezes. Mas, o governo sempre diz que fará e não faz. Há uma promessa do governador Marcelo Miranda de que neste ano haverá o inicio das obras”, diz Ailton Araújo, prefeito do município de Santa Rosa, outra cidade afetada pelo problema.

Segundo Miranda, o secretário de Planejamento do estado garantiu que o projeto para a ponte foi colocado no orçamento do Estado para este ano. “O projeto executivo está pronto, falta a decisão política de começar as obras”, garante o prefeito.

A reunião sobre a logística da região aconteceu na propriedade de José Leindecker, que possui 3,4 mil hectares com soja, mas fica localizado do outro lado rio, ou seja, não sofre com os problemas recorrentes da falta da ponte, que já tem até nome “Ponte dos Apinajés”, em menção a comunidade indígena que vive na região. “Esta infraestrutura que está faltando é fundamental para nossa região, porque o pessoal de lá poderia vir para cá percorrendo apenas 20 quilômetros. Bem melhor”, finaliza Leindecker.

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