? O momento é difícil e deve se estender por mais tempo, pois a elevação do preço do café é constante e persistente ? diz Rodrigo Branco Peres, diretor do Café do Centro, uma das principais torrefadoras de grãos gourmet do País.
Peres explica que a Colômbia, importante país produtor, há três safras não consegue atingir seu potencial produtivo por causa da renovação dos cafezais e de problemas climáticos. A América Central também tem apresentado queda na produção em alguns países. No Brasil, o cafeicultor mal remunerado nos últimos anos deixa de investir na lavoura.
No cerrado mineiro, onde se produz um dos melhores grãos do país, a cotação do café subiu cerca de 90% nos últimos 12 meses, de R$ 275 a saca de 60 kg para R$ 520, conforme dados levantados pelo AE Taxas. Segundo Peres, mesmo com algum repasse, da ordem de 20%, o equilíbrio entre receita e despesa tem sido complicado.
? Os grãos finos têm subido mais do que os outros tipos de café, mas jamais abriremos mão da qualidade ? ressalta.
Ele acrescenta que a matéria-prima corresponde a cerca de 70% a 65% do custo total de produção na indústria.
? O problema não é pouca quantidade, mas sim a falta de determinadas qualidades de café ? explica.
As grandes torrefadoras também negociam reajuste com o varejo. Além disso, procuram alterar os blends, utilizando grãos mais baratos. Inevitavelmente a cotação dos cafés mais fracos está reagindo no mercado. Peres salienta que não é possível estimar o nível de preço que o café pode alcançar.
? A cotação pode até cair, mas certamente ficará em um novo nível, mais alto ? complementa.
O segmento gourmet do Café do Centro representou no ano passado cerca de 50% de seu faturamento, estimado em R$ 30 milhões. A torrefadora encerrou 2010 com 3.600 clientes, dos quais 200 novos. Para 2011, a expectativa é crescer 30% em relação ao ano passado.