Segundo a Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI), com sede em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, no último ano as perdas causadas em decorrência da crise instalada entre o campo e o governo de Cristina Kirchner chegam a US$ 20 milhões.
Conforme dados da associação, cerca de 20 mil caminhões ? 60% gaúchos ? estiveram envolvidos em paralisações na Argentina de março de 2008 para cá, com uma média de dois dias parados.
? Vamos procurar um entendimento com autoridades argentinas porque estamos muito preocupados. Além da crise mundial que as transportadoras enfrentam, na Argentina há uma crise pontual ? comenta o vice-presidente da entidade, José Carlos Becker.
Uma empresa de transportes internacionais situada em Uruguaiana, a Polivias, contabiliza há um ano mais de R$ 35 mil de prejuízo com as paralisações argentinas. Nessa segunda-feira, a empresa ficou com seis caminhões parados por 21 horas em Gualeguaychu.
? Temos uma despesa de US$ 500 por caminhão parado ao dia. Esta situação está insustentável ? avalia o responsável pela frota da empresa, Valdir Bengivenga.
Motoristas ficam à espera nas filas e temem assalto
O terceiro dia de locaute agropecuário foi marcado por enfrentamentos e pancadaria entre produtores e caminhoneiros. Produtores bloquearam a Ruta 14 (uma das principais vias de acesso a Buenos Aires) desde as 4h e só começaram a liberar caminhões por volta das 14h, quando havia uma fila de mais de cem caminhões aguardando passagem ? metade oriundos do Brasil.
Pela manhã, um tumulto se formou entre um grupo de produtores e um motorista de caminhão argentino.
? Eles ficaram de trancar só caminhões com grãos, mas ninguém está passando. Muita gente fica nos postos de gasolina, onde tem uma estrutura. Eu estou na fila, na esperança de que abram passagem ? diz Luiz Fernando Morton Naziazeno, 39 anos, que viaja de caminhão para Argentina há 16 anos e estava parado no quilômetro 53 da Ruta 14 desde as 4h de ontem.
O motorista relata que as horas de espera são preocupantes. Além do tempo perdido, há risco de assalto. Ele diz que, entre os brasileiros, os ânimos são de tranquilidade. Os argentinos é que se mostram mais nervosos. Ele conseguiu seguir viagem por volta das 15h dessa segunda:
? Conosco há respeito.