Para calcular a competitividade econômica do milho e do trigo na safra de inverno que começa a ser cultivada, pesquisadores selecionaram as regiões norte do Paraná e Passo Fundo (RS). Em Passo Fundo, considerando-se a produtividade de 52 sacas de trigo por hectare, o custo operacional do cereal seria de R$ 26,57/saca de 60 kg, o que proporcionaria rentabilidade de 17,3% sobre o preço médio observado nos últimos três meses (novembro a janeiro), de R$ 31,17/saca.
Na região norte do Paraná, com produtividade média de 41,32/saca por hectare, o custo operacional do trigo seria de R$ 25,89/saca. Tomando-se como base o preço médio de R$ 35,86/saca de 60 kg, a rentabilidade do trigo nessa praça seria de 38,5%.
O milho segunda safra, por sua vez, na região norte do Paraná, teria custo operacional de R$ 22,71/saca de 60 kg, para uma produtividade de 74,38/saca por hectare. Com preço médio de R$ 26,18/saca de 60 kg, a rentabilidade seria de 15,3%.
Já ao serem analisados os custos totais, o cultivo de trigo em Passo Fundo geraria receita praticamente igual ao custo, com rentabilidade praticamente nula. No norte do Paraná, no entanto, a rentabilidade do trigo seria positiva em quase 23%, enquanto a do milho se limitaria a 5%.
Além disso, as cotações do trigo no mercado de balcão (recebidas pelo produtor) estão em alta e as do milho, enfraquecidas com a entrada da safra verão. A média do trigo em janeiro no norte do Paraná foi de R$ 38,23/sc e, na parcial de fevereiro, está R$ 40,23. Já o milho, na mesma região, passou de R$ 25,59 para R$ 25,24, o que deixaria a competitividade do trigo ainda maior que a identificada nos cálculos.
Na avaliação de pesquisadores do Cepea, se a TEC for liberada para apenas um milhão de toneladas e, ao mesmo tempo, houver aumentos nos preços mínimos do cereal, há boas chances de que a área de trigo brasileira, pelo menos, não diminua. A possibilidade de exportação e a boa liquidez interna da última safra seriam outros pontos favoráveis ao trigo na tomada de decisão do produtor.