Trigo está mais rentável do que o milho na Região Sul, indica pesquisa do Cepea

Em Londrina (PR), a produção chega a 41 sacas por hectare, cada uma com custo de R$ 25,00 e preço de venda de R$ 35,00Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, mostra que a rentabilidade do trigo está maior do que a do milho. O estudo, feito no Paraná e no Rio Grande do Sul, entre novembro de 2012 e janeiro de 2013, levou em conta preço, produtividade e custo de produção.

No principal polo produtor, a cidade paranaense de Londrina, a rentabilidade do cereal é de 38%. A produção por hectare chega a 41 sacas, cada uma com custo de R$ 25,00 e preço de venda de R$ 35,00. Para o milho, a rentabilidade é de apenas 15%. Por hectare, os produtores tiram em média 74 sacas de 60 quilos. Cada saca tem custo de R$ 22,00 e sai por R$ 26,00 ao consumidor.

O ano de 2011 foi muito ruim para os produtores de trigo. Os preços estavam baixos e diversos agricultores abandonaram a cultura. Somente no norte do Paraná, principal região produtora do país, a diminuição da área plantada foi de 17%. A oferta mais baixa, reforçada pela quebra da safra da Argentina, vem mudando o panorama desde o ano passado.

– Em 2011, a gente teve o pior preço do trigo. Em 2012, com a quebra de safra e redução de área plantada, o preço do cereal estava maior. Então saiu de um extremo ao outro. Neste momento, o produtor de trigo está conseguindo um bom rendimento – explica a analista de trigo do Cepea, Renata Maggian Moda.

A tonelada é comercializada por valores que variam de R$ 740,00 a R$ 780,00, bem acima dos R$ 420,00 registrados na última safra.

O milho também passa por um momento positivo. A saca está sendo vendida em média a R$ 28,00. Para quem aposta nas duas culturas, bons negócios estão garantidos. Porém, é preciso ficar alerta a outras questões que não a rentabilidade.

– Só olhar a rentabilidade não é o motivo para ele [produtor] tomar a decisão. Existem outros motivos, como a liquidez do mercado, a facilidade que ele tem pra vender o produto, se ele compensa olhar só a rentabilidade ou se compensa conseguir negociar o seu produto com mais facilidade – destaca a analista do Cepea.

O produtor de trigo José Clóvis Casarim cultiva o cereal em 420 hectares no interior de São Paulo. Devido ao bom momento, ele aumentou a área plantada em 10%. Casarim também planta milho e vai negociar as duas culturas por preços, segundo ele, bem satisfatórios.

– As duas culturas vivem um bom momento e devem ser tratadas como culturas de primeira linha. Antes, se plantava trigo para cobrir o solo, hoje não. Hoje, tem que estar bem adubado, ter boa semente. Tratamento de primeira, de cultura lucrativa. O ideal é apostar nos dois. Tem armazém para milho e para trigo. É um momento excelente para aproveitar as duas oportunidades – destaca o produtor.

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