A retração das cotações do trigo segue chamando a atenção no Brasil. Na média das regiões de produção do Paraná, a queda em relação ao mesmo momento do mês passado é de 24,6%. No mercado gaúcho a queda mensal é de 20,7%. Quando comparado ao mesmo momento do ano passado o tombo é de 46,6% e de 42,3%, no Paraná e no Rio Grande do Sul, respectivamente.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, outro ponto que chama a atenção é que os preços do Paraná são inferiores aos do Rio Grande do Sul. “Isso ocorre porque a colheita gaúcha ingressa apenas em outubro e as condições climáticas são bem mais complicadas que as esperadas para o Paraná”, explicou.
Atualmente, o preço do cereal gaúcho de safra nova é, em média, R$ 55/tonelada superior à do paranaense. Na média da temporada passada foi R$ 160/tonelada inferior. “Esses números mostram que, ao contrário do ano passado quando o Rio Grande do Sul teve uma safra cheia e forneceu grandes volumes ao Paraná na atual, o mercado trabalha com a possibilidade desse último estado fornecer ao primeiro”, salientou.
A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou com preços acentuadamente mais baixos. O mercado se consolidou no território negativo a partir do meio-pregão, pressionado pela baixa competitividade do cereal dos Estados Unidos no mercado exportador global.
Após três sessões seguidas de alta – ontem o grão já mostrou perda de força no final do pregão -, os investidores aproveitaram para realizar lucros e buscar um posicionamento diante dos relatórios de estoques trimestrais e de produção dos Estados Unidos, que devem ser divulgados na sexta-feira.
A expectativa do mercado é de que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostre os estoques trimestrais do país em 1,77 bilhão de bushels em 1º de setembro. Isso representaria uma queda de 7 milhões de bushels ano a ano. Analistas também esperam redução na projeção pra produção estadunidense em 2 milhões de bushels em relação ao estimado anteriormente, totalizando 1,732 bilhão de bushels.
O trigo da Rússia segue inundando o mercado exportador com cotações bastante competitivas, enquanto a força do dólar em relação a outras moedas tira a competitividade do produto estadunidense. Além disso, a perspectiva de uma maior área destinada ao trigo na Ucrânia adiciona pressão às cotações.
Segundo fontes ouvidas por agências internacionais, o Egito teria importado 170 mil toneladas de trigo da Romênia e da Bulgária. O país africano também estaria em negociações diretas com a Rússia para a aquisição de algo entre 1 e 2 milhões de toneladas.
Analistas esperam que as vendas semanais dos Estados Unidos, na semana encerrada em 21 de setembro, sejam indicadas entre 250 mil e 500 mil toneladas pelo departamento de agricultura do país. Na semana passada, foram 307,7 mil toneladas.
No fechamento, os contratos com entrega em dezembro eram cotados a US$ 5,79 1/2 por bushel, baixa de 9,50 centavos de dólar, ou 1,61%, em relação ao fechamento anterior. Os contratos com entrega em março de 2024 eram negociados a US$ 6,07 1/4 por bushel, recuo de 9,00 centavos, ou 1,46% em relação ao fechamento anterior.
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