Na avaliação da ABCZ, a forma como as demarcações de terra vêm sendo conduzidas pela Funai causam preocupação à população local “e o temor de que haja a tentativa de se impor ao Mato Grosso do Sul o mesmo processo deflagrado em Roraima com a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, com conseqüências econômicas e sociais desastrosas”.
Na nota oficial, a entidade defende uma ampla discussão sobre a demarcação de territórios indígenas no Brasil. A ABCZ contesta a tese de que a demarcação ocorre em áreas distantes e atinge apenas grandes propriedades rurais. “A condução dada até o momento aos processos de demarcação tem se mostrado uma ameaça real ao sistema produtivo nacional e aos direitos e interesses de milhões de brasileiros”.
Ainda de acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu, a situação de insegurança criada em Mato Grosso do Sul afetaria as atividades de milhares de produtores rurais, com prejuízos para a produção agrícola de mais de 26 cidades. A entidade considera um agravante o fato da iniciativa da Funai atingir uma das principais regiões produtoras do país em meio a uma “crise de alimentos”.
“A ABCZ manifesta a sua solidariedade com as autoridades e as lideranças do Mato Grosso do Sul e de Roraima empenhadas na defesa dos direitos ameaçados pelas referidas ações e assinala a sua confiança de que é perfeitamente possível a discussão, a formulação e a execução no Brasil de uma política indigenista efetiva, isenta de ranços ideológicos e utopias, que promova a garantia dos direitos dos Povos indígenas sem desorganizar o sistema produtivo”, diz a nota.