Foi aberta oficialmente a colheita de trigo no Rio Grande do Sul no sábado, dia 3, em Cruz Alta. Projeções da Emater/RS-Ascar, feitas com base na safra de 2014, apontam diminuição (-34%) na produção de 2,2 milhões de toneladas e na área (-19) plantada com o grão, que este ano chegou a 913 mil hectares.
Em Cruz Alta, a área inicialmente prevista para o cultivo de trigo era de 24 mil hectares, mas não passou dos 16 mil hectares, segundo o extensionista da Emater/RS-Ascar, Gustavo Basso. O preço do cereal, conforme a entidade varia de R$ 30,00 a R$ 35,00 a saca de 60 quilos.
Analistas e produtores reuniram-se no auditório da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL), para discutir alternativas a problemas enfrentados no estado: clima, pesquisa, logística, abastecimento, carga tributária e mercado.
– O mercado brasileiro é pequeno para o produtor de trigo – disse o analista Marcelo De Baco.
De acordo com Baco, o produtor gaúcho deveria se posicionar em relação ao mercado internacional, de olho, preferencialmente, nos países do entorno do Mar Negro. Contudo, lembrou o analista, o mercado externo é exigente, pois o estoque mundial de trigo, 227 milhões de toneladas, é suficiente para abastecer por três meses o consumo do planeta. Nesse cenário, o Brasil, segundo Baco, deveria ter regularidade na oferta para deixar os compradores internacionais mais tranquilos.
O secretário de Agricultura do estado, Ernani Polo, que participou da abertura da colheita do trigo, disse que é importante atender não só às necessidades do produtor, como da indústria, que pede um trigo mais segregado.
– Há um trabalho a ser feito e nós estamos já através da Câmara Setorial do Trigo, junto com as entidades buscando construir ações aí, principalmente que envolvam o processo de segregação do produto para que o produtor tenha uma melhor remuneração, e que você possa através dessa segregação colocar um trigo de melhor qualidade a disposição, também com um preço melhor – disse.
Safra
Segundo o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, regiões como Santa Rosa e Ijuí já iniciaram a colheita de trigo de algumas áreas. A qualidade do produto, até o momento, é considerada boa. O percentual atinge 2% do total plantado, havendo ainda 11% maduras e prontas para serem ceifadas, fato que deverá se intensificar nos próximos dias, se o tempo permitir.
Ainda de acordo com o Informativo Conjuntural, a expectativa de produtividade por ora está dentro da esperada, girando em torno dos 2,4 mil kg/ha. Resta saber qual o comportamento dos 60% em fase de formação de grão, áreas mais impactadas com a ocorrência das geadas.
– Isto pode depreciar a qualidade do grão colhido, agravando as perdas em termos de renda para os produtores. Produtores que investiram pesadamente nesta cultura, cultura muito cara que não tem um mecanismo de proteção condizente com o risco da atividade, como Proagro, ou seguro agrícola, ou seja, o produtor sempre fica com uma conta a pagar – disse o presidente da comissão de trigo da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim.
Outro aspecto a considerar nesse período inicial de colheita é a não cotação de preço por parte das cooperativas para a entrega do produto, que aguardam não só pela confirmação da produção, mas em especial pela qualidade do grão colhido.
No momento a procura pelo Proagro é considerada normal face às circunstâncias. Para o trigo são pouco mais de 1,7 mil solicitações de Proagro.