? A laranja representou cerca de 30% da inflação do atacado em fevereiro ? afirmou o especialista.
Quadros comentou que rumores de quebra de safra de laranja na Flórida têm valorizado a oferta do produto brasileiro e aumentado a demanda pelo item nos mercados interno e internacional. Outros aumentos de preços agrícolas que também ajudaram a formar a taxa maior do IGP-DI em fevereiro foram os registrados em açúcar cristal (8,16%) e ovos (14,36%). O avanço do índice também foi influenciado pela mudança na trajetória de preços dos alimentos in natura, que saíram de uma deflação de 1,52% para um avanço de 7,07% de janeiro para fevereiro.
Entretanto, nem todos os produtos agrícolas estão em alta no atacado. O aprofundamento da queda da soja (de -7,60% para -10,62%), segundo produto de maior peso no cálculo da inflação atacadista, ajudou a segurar em parte o avanço do indicador em fevereiro.
? Parece que está ocorrendo uma super safra da soja, e a boa oferta ajudou a diminuir os preços. Mas os aumentos nos preços de laranja e de outros produtos contribuíram muito mais para a aceleração do indicador do que a influência negativa da queda de preços da soja ? afirmou.
Além do impacto dos agrícolas, Quadros comentou que o dólar mais forte influenciou, em parte, na trajetória mais intensa de elevação de preços no atacado em fevereiro.
? Mas o câmbio ainda é um efeito secundário ? disse ele, ao explicar que o processo de recuperação nas economias doméstica e internacional, que tem puxado para cima produtos no setor atacadista, ainda é o fator principal a impulsionar o avanço do indicador.
Um dos exemplos mostrados pelo especialista para exemplificar a trajetória ascendente da demanda foi a taxa de elevação de preços de materiais para manufatura no atacado, que representa o fornecimento de insumos para a indústria, e saltou de 2,16% para 2,84%, de janeiro para fevereiro.
O economista não considera que os últimos dois resultados acima de 1% no IGP-DI, referentes a janeiro e a fevereiro, representem uma “mudança de patamar nos índices inflacionários”.
? Deixamos a fase de queda de preços, e entramos em uma fase de recuperação de margens ? afirmou.
? Muitos preços ainda não voltaram aos níveis praticados antes da crise global ? avaliou, lembrando que, durante a crise, preços e serviços no atacado e no varejo mostraram deflação, devido à menor demanda provocada pelo ambiente turbulento.
? É uma consequência da retomada econômica ocorrer um movimento de procura por lucros ? disse ele, para em seguida completar que o avanço nos índices inflacionários é “o preço a se pagar” no processo de recuperação econômica.
Mesmo com o aumento na demanda provocado pela retomada na economia, os índices inflacionários não parecem estar à beira de uma explosão, na avaliação de Quadros.
? Não acho que vamos chegar a 2% ao mês tão cedo ? frisou.