Apesar de as organizações rurais terem desaconselhado bloqueio de estradas, produtores agropecuários mantiveram paralisações parciais em cerca de 30 pontos do país, nos quais impediam a passagem de caminhões com cereais para a exportação.
Em dezenas de outras regiões, os produtores se concentraram na beira das rotas, como parte da quarta greve comercial decretada no sábado pelos agrupamentos. A nova greve foi decidida depois que a polícia deteve 19 dirigentes rurais, após tentar acabar, por meio do uso da força, com um piquete em uma estrada da cidade de Gualeguaychú, centro dos protestos mais radicais.
Os prolongados bloqueios de rodovias durante o conflito levaram a situações críticas em vastas regiões da Argentina, onde pioram minuto após minuto a falta de combustíveis, a escassez de alimentos básicos, os problemas no fornecimento de remédios e a queda no turismo.
Nenhum alto funcionário da Casa Rosada deu declarações nesta segunda, feriado na Argentina, mas nas últimas horas do domingo, dia 15, foi divulgada uma carta na qual o vice-presidente do país, Julio Cobos, pedia a “retomada do diálogo”.
Enquanto isso, o ex-presidente Néstor Kirchner encerrava os preparativos para liderar, na quarta-feira, dia 18, um ato com o qual o governo de sua esposa, Cristina Kirchner, pretende resistir à jornada de protestos convocada pelo setor agropecuário.
A manifestação será na Praça de Maio, o mesmo palco no qual o ex-governante irrompeu de forma surpreendente no sábado, dia 14, enquanto dezenas de pessoas se expressavam em favor do Executivo, durante o dia mais tenso da queda-de-braço com o campo.
O ato contará com a presença de sindicatos, dirigentes peronistas e organizações sociais próximas ao governo. A manifestação coincidirá com os protestos nacionais convocados pelas organizações agropecuárias, que pediram à sociedade para que expresse sua revolta, com o fechamento de estabelecimentos comerciais e mobilizações nas ruas, entre outras formas de protesto.
Nesse mesmo dia, os representantes das entidades rurais voltarão a reunir-se para resolver se suspendem ou mantêm sua quarta greve em pouco mais de três meses, que consiste na interrupção da comercialização de grãos.
O conflito com as associações agropecuárias se iniciou em março, quando o governo impôs um esquema de impostos móveis sobre as exportações de grãos que os produtores do campo rejeitam.