? Este ano, tivemos um novo indicador de crescimento de ocupações. Não sabemos ainda se é um indicador de crescimento isolado, ou se ele representa um novo período de aumento das ocupações de terra. Contextualizando isso na história, percebemos que a falta de políticas de desenvolvimento da agricultura familiar afeta o resultado ? explica o professor da Unesp Bernardo Mançano Fernandes, um dos participantes do levantamento.
Segundo o professor, a tendência de aumento e refluxo das invasões podem ser notadas, no passado, em duas ondas, uma no governo Fernando Henrique e outra no governo Lula.
? A primeira onda cresce com a luta pela terra e reflui com a criminalização pelas medidas provisórias que tentaram impedir o avanço das ocupações. A segunda onda cresce embalada pela esperança na primeira gestão do governo Lula e reflui, em parte, pelas políticas compensatórias do Bolsa Família.
O professor ressalta que as invasões atuais estão ligadas à disputa entre os dois modelos de agricultura existentes no país, o do agronegócio e da agricultura familiar.
? A expansão do território do agronegócio tem sido extremamente ofensiva, destruindo comunidades e florestas, ampliando seu controle sobre a terra e impondo o seu modelo. Evidentemente que, para resistir, os camponeses passaram a ocupar os territórios do agronegócio numa contraofensiva. Esta luta tem sido criminalizada pela mídia corporativa aprofundando a conflitualidade.
O levantamento das invasões no Estado de São Paulo foi feito com base em publicações da imprensa sobre as ações dos movimentos de sem-terra.