O otimismo dos agentes de negócios em Ribeirão Preto não deixa de lado, porém, preocupações relacionadas aos riscos do negócio. Gerentes e diretores descartam aumentar o rigor na análise dos cadastros para obtenção de crédito rural, mas traçam estratégias para garantir o máximo de segurança nas operações.
A Nossa Caixa, banco estatal de São Paulo, tem disponíveis R$ 100 milhões durante a Agrishow. O apetite é evidenciado pelo produto que lança na feira: um sistema de acompanhamento de propostas de financiamento para fabricantes e revendedores. Quem aderir terá um limite de R$ 3 milhões para novos investimentos.
– Analisamos cliente a cliente ? diz Gilberto Fioravante, diretor do Departamento Rural da Nossa Caixa.
Ele afirma que tem como principal público-alvo os pequenos e médios produtores e que não teve problemas com a carteira de crédito rural nem mesmo nos piores momentos.
Estratégia semelhante adota o banco Santander, que levou para a Agrishow uma carteira um pouco menor, de R$ 90 milhões, mas garante ampliar o montante em função da demanda. A aposta, segundo o superintendente de Agronegócios, Walmir Segatto, é de que a análise individualizada dos clientes, parecida como uma consultoria financeira, atende melhor às necessidades e amplia as possibilidades de negócios.
– Às vezes até percebemos que não é o momento para o produtor investir e orientamos. Nesses casos, eu posso até perder uma operação de crédito, mas não perco o cliente ? diz Segatto, para quem o produtor rural está mais exigente e sabe exigir orientação das instituições financeiras.
O Banco do Brasil, historicamente o principal agente de crédito rural do país, também abriu uma carteira de R$ 100 milhões para a Agrishow e pode aportar mais recursos em função da demanda.
É o que garante o vice-presidente de Agronegócios do banco, o ex-ministro da Agricultura Luiz Carlos Guedes Pinto. Segundo ele, o próprio produtor será mais cauteloso, considerando as próprias possibilidades e os riscos presentes na atividade agrícola.
– A agricultura é feita de ciclos. Talvez, em um futuro próximo, tenhamos condições desfavoráveis ? preveniu, ao ressaltar que o banco leva em conta o histórico de endividamento do cliente ao avaliar o crédito para novos investimentos.
Já o Bradesco não adianta números, mas garante que tem capital para atender a qualquer demanda do mercado. A aposta também é em recorde de negociações, amparado pelas atuais condições do mercado agrícola, como explicou a gerente de marketing para crédito, Tânia Cardoso.
Ela também previne que oscilações fazem parte do agronegócio e que não há crédito sem risco. Mas aposta na fidelidade dos clientes para sustentar os negócios no setor.
Na Agrishow desde 2004, o Unibanco chegou à feira deste ano com créditos pré-aprovados de quase R$ 100 milhões, informou o superintendente de Agronegócios, José Carlos Grégio.
O montante foi estimado a partir de contatos antes do início do evento. Segundo ele, o modo de formação da clientela traz conforto e segurança para a concessão de crédito rural.