Brasil comemora saída negociada com EUA no episódio do algodão

Promessa do governo americano surtirá mais efeito para o setor agrícola brasileiro do que o direito de retaliaçãoA promessa dos Estados Unidos em reduzir a ajuda financeira dada aos agricultores norte-americanos é considerada uma vitória. Apesar de ter conquistado o direito de aplicar sanções em US$ 829 milhões contra aquele país, produtores rurais, especialistas em comércio exterior e governo acreditam que o Brasil tem mais a ganhar com uma saída negociada.

De última hora, o governo norte-americano apresentou uma proposta para evitar as sanções que começariam nesta quarta, dia 7. As retaliações foram suspensas até 22 de abril. O prazo ainda pode ser estendido por mais 60 dias.

Governo, especialistas em comércio exterior e produtores rurais têm a mesma opinião. A saída negociada com os Estados Unidos é bem melhor do que a aplicação de retaliações.

? A retaliação não é boa para ninguém. Nem para quem está exercendo o direito de retaliar, nem para quem é retaliado. Então, ela é um mecanismo de pressão e mostra que funcionou muito bem, ou seja, às vésperas de aplicar a retaliação, os Estados Unidos, pela primeira vez, trouxeram alguma proposta ? disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha.

Os EUA assumiram o compromisso de reduzir os subsídios às exportações de produtos agrícolas, além de criar um fundo de US$ 147 milhões para o desenvolvimento de tecnologia e combate a pragas nas plantações brasileiras de algodão. Outra proposta é reconhecer Santa Catarina como área livre de aftosa sem vacinação.

? O Brasil, na realidade, não tinha nenhum interesse em que essa retaliação fosse de fato aplicada e nem tem. Ela é um mecanismo que o governo brasileiro pode lançar mão, mas o ideal é que isso não seja necessário e que se faça um acordo ? disse o professor de Relações Internacionais da UnB, Eiti Sato.