A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a produção brasileira de trigo alcance 8,4 milhões de toneladas em 2022, um crescimento de 8% em comparação com a safra passada, quando foram produzidas 7,6 milhões de toneladas.
No Paraná, onde o plantio começa mais cedo, 82% da área de 1,17 milhão de hectares já está semeada. E tem produtor com expectativa de aumento de área.
É o caso do triticultor Gustavo Ribas, de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, no Paraná, que começou o plantio nesta terça-feira, primeiro dia de inverno.
“Estou aumentando em 40% a minha área plantada, e a gente vê pessoas trabalhando muito forte no trigo, produtores chegando a plantar, mas daí é aquele trigo, lá de fevereiro, 100% da área de trigo, isso aí é muito difícil. E a gente vê que o mercado, o clima têm promessa de conduzir bem e a gente tem uma perspectiva de aumento de preços”, explica o produtor.
A previsão de safra recorde é puxada pelos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, que respondem por 90% da produção nacional do cereal.
O Rio Grande do Sul pode ter a maior produção de trigo da história, com 3,9 milhões de toneladas, incremento de 12% em relação ao ano passado, quando o estado colheu 3,5 milhões.
A área plantada no estado gaúcho é a maior desde 1980, com 1,4 milhão de hectares.
No Paraná, a produção prevista também é recorde. O Departamento de Economia Rural do Estado (Dereal) estima 3,8 milhões de toneladas, volume 21% acima do registrado no ciclo 20/21.
“Esse ano a expectativa é de que a gente tenha uma safra cheia, se isso se concretizar com certeza a gente vai ter recorde. Então a partir de agora que as culturas começam a entrar num risco maior. Daqui até agosto é o principal momento da cultura do trigo para gente definir se realmente a gente vai ter uma boa produtividade ou não”, destaca o agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho.
Exportações de trigo
As exportações do cereal estão aquecidas. Segundo dados do Ministério da Economia, na parcial de janeiro a junho deste ano, o Brasil embarcou 2,5 milhões de toneladas de trigo.
No ano passado inteiro, o país exportou pouco menos da metade, 1,120 milhão toneladas.
Para a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), a venda do cereal para o mercado externo está sendo estimulada por causa da guerra na Ucrânia, que é um dos principais produtores de trigo no mundo, junto com a Rússia, no entanto, para o Rio Grande do Sul o mercado externo sempre foi mais acessível.
“É muito mais fácil você exportar trigo para África, para Ásia, do que a gente mandar para São Paulo ou pro Ceará ou pro Rio de Janeiro é um emaranhado de tributação, a própria logística é muito cara. Então o que que nós fizemos, nós nos preparamos para exportar trigo para o mundo. O preço da exportação é sempre competitivo, nós do cooperativismo do Rio Grande do Sul, entendemos que a exportação é um caminho que baliza o mercado”, explica o presidente da Fecoagro, Paulo Pires.
“Então a gente tem que entender esse novo modal de mercado, que é o mercado exportador, ou seja, você compra e você vende no lugar que estiver te pagando mais, nós não temos essa precaução da segurança alimentar, ela pode ser feita como um programa de governo”, complementa.
O embate entre Rússia e Ucrânia, que representam 30% das exportações globais de trigo, também empurrou a ampliação das lavouras gaúchas em 16% nesta safra de inverno.