Os brasiguaios (brasileiros radicados no Paraguai) são responsáveis por 60% da produção de soja no país. Em razão da crise, muitos deles têm falado em retornar ao Brasil.
Paulo Schuster, proprietário de uma fazenda em Santa Rosa del Monday, no departamento paraguaio de Alto Paraná (400 quilômetros a leste de Assunção), disse a uma rádio local que os colonos acreditam que devem ser “socorridos” pelo governo brasileiro. Schuster, porta-voz de um grupo de algumas dezenas de fazendeiros, informou que o pedido de mediação foi entregue ao prefeito Paulo Mac Donald Ghisi, de Foz do Iguaçu, no Paraná, Estado que faz divisa com Alto Paraná.
Nenhum porta-voz do governo paraguaio se manifestou ontem sobre o assunto. Já Ernesto Benítez, um dos líderes do movimento esquerdista Produtores de San Pedro (departamento localizado no norte do país e um dos principais focos de atuação dos sem-terra), afirmou ontem, durante um debate organizado pela Universidade Católica de Assunção, que o grupo vai “recuperar a soberania paraguaia, expulsando os invasores brasileiros”.
O Itamaraty tem trabalhado para resolver o problema paraguaio desde antes da posse do presidente Fernando Lugo, no dia 15 de agosto. Lugo assumiu apoiado por grupos sociais, incluindo os sem-terra. Seu programa de governo inclui uma série de promessas referentes à reforma agrária, além de outros pontos polêmicos, como a revisão do tratado de Itaipu, entre o Paraguai e o Brasil.