O clima prejudicou a safra de trigo 2015 na maior parte das regiões produtoras. No Sul do país, onde choveu excessivamente em consequência do El Niño, a colheita foi bastante afetada, reduzindo drasticamente a qualidade dos grãos, sobretudo no Rio Grande do Sul. Esse cenário e a forte valorização do dólar encareceram as importações do cereal e mantiveram o trigo brasileiro em alta durante muitos meses. O relatório de balanço do ano para o cereal é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
No balanço do ano, o preço do trigo no mercado de balcão (ao produtor) teve alta de quase 40% no Rio Grande do Sul e de mais de 26% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), no Paraná, a elevação foi de 35%; no Rio Grande do Sul, de 32%; e, em São Paulo, de 27%.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou em dezembro que a área com trigo na safra 2015 teve redução de 11,3%, indo para 2,446 milhões de hectares. A produção foi estimada em 5,623 milhões de toneladas, 20% abaixo do esperado inicialmente (7,07 milhões toneladas) e 5,7% inferior à da temporada anterior. Já a produtividade aumentou 6,3%, puxada pelo Rio Grande do Sul, onde se elevou em 30,2%.
O maior problema neste ano foi a queda na qualidade do cereal, que apresentou características bem abaixo das exigidas pelos moinhos. Sendo assim, o estoque final de trigo brasileiro deverá ser o menor desde 2010.
Quanto ao consumo, está previsto pela Conab em 10,375 milhões de toneladas. Com isso, seria necessária a importação de 5,75 milhões de toneladas para se suprir a demanda nacional. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil importou até novembro 4,706 milhões de toneladas de trigo, ante 5,495 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior. O volume importado foi pressionado pelo câmbio, que deixou o cereal estrangeiro mais caro. Já as exportações subiram mais de 400% no ano (até novembro), saindo das 278,103 mil toneladas em todo o ano de 2014 para de 1,443 milhão de toneladas em 2015 – a maior parte foi de trigo sem classificação para panificação.