O Brasil vai fechar com déficit na balança comercial do leite. Enquanto no ano passado o país teve US$ 328 milhões de superávit, 2009 está fechando com mais de US$ 90 milhões negativos. O mercado interno foi o fator decisivo para reduzir o prejuízo dos pecuaristas.
No interior de Uberaba, no triângulo mineiro, o pecuarista Ricardo Miziara se preparou para crescer 20% ao ano e vem conseguindo isso nos últimos cinco anos. Atualmente, ele tem 400 vacas, sendo que 50 estão em lactação e produzem 750 litros de leite por dia.
O produtor avalia 2009 como de razoável a ruim. O comportamento dos preços foi atípico. Historicamente, a chamada curva de crescimento vai de maio a junho, e se mantém ate setembro. Desta vez, a alta veio em agosto, seguida pela queda. Miziara se defendeu como pôde para reduzir os prejuízos.
Já no mercado internacional, houve recuperação. Se no mês de agosto a tonelada do leite em pó estava de, em média, US$ 2 mil dólares, atualmente passa de US$ 3,5 mil. Neste final de ano, o consumo se mantém em alta, e pode trazer preços melhores na propriedade para iniciar bem 2010.
Uma pesquisa divulgada pela multinacional sueca Tetra Pak mostra que o consumo de lácteos deve crescer 1,3% este ano, saindo de 259 bilhões de litros em 2008 para 263 bilhões de litros. A mesma pesquisa revela que o Brasil ampliou o consumo em 2,5%; só na região Nordeste do país, o aumento foi de 20%.
Para o coordenador da Câmara de Leite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Vicente Nogueira, mesmo com tantos dados favoráveis o produtor tem que ter cautela com a conhecida instabilidade do setor.
? Em 2010, os lácteos vão ter influências positivas que vão além dos movimentos de mercado ? prevê Nogueira.