Em 15 anos, nunca foi tão difícil para o produtor Dino Anrako entrar na plantação. A água, ou a lama, chegam ao joelho. Ele planta hortaliças em Suzano (SP) e conta que, mesmo com o plástico que protege o solo, as perdas com a chuva chegam a 40%.
Os problemas da plantação logo chegam ao varejo. Nos supermercados, é preciso procurar bastante para encontrar verduras e legumes com alguma qualidade. Em muitos casos, os consumidores acabam se deparando com prateleiras vazias.
A alface está escassa. Um supermercado da região que costumava comprar 300 pés por dia não está recebendo nem 150 dos produtores. Com o tomate, ocorre o mesmo.
Na Ceagesp, de onde saem as hortaliças que vão para os mercados, a oferta está 30% menor há mais de um mês. Enquanto falta produto, sobra preço. O índice que mede a variação no entreposto mostrou que em dezembro as verduras estavam 22% mais caras.
Em janeiro, houve mais uma alta, desta vez de 11%. As que mais subiram foram a alface (+13,5% a caixa com 24 unidades), a rúcula (+12,9% a dúzia de maços) e o agrião (12,7% a caixa com 20 unidades). O economista da Ceagesp Flávio Godas participa do estudo há quase 20 anos e conta que o efeito da chuva na oferta e valor dos produtos nunca foi tão intenso.
No varejo não é diferente. O Índice de Preços ao consumidor, medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostrou um aumento de 17,1% nas verduras nas últimas quatro semanas. Mais uma vez, a alface foi a que mais subiu (+21,9%).
É uma situação que a diarista Elza Beltrão Rocha sentiu no bolso quando foi ao supermercado. Ela chegou a encontrar o quilo da cenoura por quase R$ 3 e o pé de alface por quase R$ 1,50.
? Normalmente compro alface por R$ 0,50 ? afirma Elza.
Para os consumidores, não vale a pena pagar caro por um produto de baixa qualidade é complicado. A saída, segundo Flávio Godas, é fazer substituições, já que, pelo menos nos próximos 30 dias, as verduras ainda vão estar caras.