O encontro, que vai até esta sexta, dia 31, é realizado no Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, no interior paulista.
Em uma sala que reúne pesquisadores de 48 países, o assunto é aquecimento global. A cada cinco anos, o IPCC divulga um relatório. O último saiu em 2007, e apresentou provas contundentes de que o clima no planeta está mudando rapidamente. Desta vez, os coordenadores do painel resolveram elaborar um relatório especial sobre fontes renováveis de energia e formas de reduzir os impactos das mudanças climáticas.
Como as fontes renováveis de energia podem ajudar no combate ao aquecimento global? É esta pergunta que a comunidade científica deve responder até o fim de 2010, a partir de relatório desenvolvido por 150 autores, sete deles brasileiros.
Entre os especialistas, o professor da universidade de São Paulo (USP) José Roberto Moreira, e um cientista holandês vão coordenar o capítulo sobre biomassa.
? Hoje, as grandes promessas são o etanol, chamado de bioetanol, o biodiesel, a geração de eletricidade a partir da biomassa. Então, seguramente, esses assuntos vão ser olhados com todo o cuidado ? garante Moreira.
Roberto Schaeffer é outro brasileiro que também vai ajudar a redigir o relatório:
? O relatório de 2007 já chamava a atenção para as fontes renováveis de energia, para combater as mudanças climáticas. Dado o fato de naquele relatório você não ter tido um espaço suficiente para entrar tão afundo na importância das fontes renováveis que se pensou em um relatório especial 100% dedicado ao papel das fontes renováveis de energia ? explica.
As maiores emissões vêm do setor de energia. Por isso, as renováveis têm um grande potencial, diz Renate Christ, secretária do IPCC. Segundo ela, o objetivo do relatório é observar as características locais e nacionais para realmente fazer o melhor uso delas, e com isso reduzir as emissões de gases.
A escolha do Brasil para sediar a primeira reunião demonstra o papel importante do país quando se fala em energia limpa.
? O fato da gente se manter nisso exige do país também que se invista bastante em melhorias tecnológicas, em novos saltos tecnológicos. Não dá o fato de muitas vezes você estar numa situação favorável e eventualmente possa relaxar. Eu acho que esse risco a gente não pode correr ? afirma a vice-presidente do Grupo III IPCC, Suzana Ribeiro.
A idéia é que o relatório seja um guia de referência para todos os órgãos ligados às Nações Unidas. Como aconteceu com a divulgação do último relatório do IPCC, que chamou a atenção dos governos para a preocupação com o aquecimento global.
? Aqui não sai um relatório prescritivo aos governos, ele simplesmente informa em todos esses aspectos o que de mais atualizado se tem. E aí permite que os governos tomem uma decisão pautada no conhecimento científico e pautada então dentro de uma visão mais realista dessas energias renováveis ? descreve a chefe de Cooperação Internacional do Inpe, Thelma Krug.