Segundo a Emater, a cultura deverá ter um aumento de 6,51% na área cultivada em relação à safra passada. Na maioria dos casos, a ampliação ocorre na tentativa de amenizar prejuízos do inverno.
– Aumentei a área plantada de 130 para 230 hectares. O preço está bom e o clima também está ajudando. A perspectiva é lucrar mais do que no ano passado – projeta Roberto Durigon, 47 anos, agricultor de Cruz Alta.
A lavoura dele foi cultivada há cerca de 20 dias e, até agora, apresenta excelente desenvolvimento. Durigon explica que a terra úmida beneficia a germinação e o frio faz com que o trigo fique mais baixo. Com isso, a planta não corre risco de acamar (quando o vento derruba o pé de trigo, o que evita que nutrientes circulem e impede o enchimento dos grãos).
– O perfilhamento, que é a formação de ramos laterais que mais tarde originam os grãos, também é maior, o que tende a ampliar a produtividade obtida – explica o engenheiro agrônomo Nédio Giordani, que presta assistência técnica na propriedade de Durigon.
O mercado também está aquecido. Segundo o presidente da Cooperativa Tritícola Regional Sãoluizense (Coopatrigo), Paulo Pires, muitos já negociam o produto antecipadamente. O preço gira em torno dos R$ 30 pela saca de 60 quilos. A valorização ocorre porque o trigo é balizado pela bolsa de Chicago e os Estados Unidos enfrentam problemas nas safras de trigo e milho.
– Isso, aliado à alta no dólar, eleva o preço. Mas ainda é cedo para avaliar como será na época da colheita – observa Michael Prudêncio, analista de mercado da Safras & Mercado.
A cautela também é recomendada diante da previsão de inverno chuvoso, o que exige maior controle de pragas e pode elevar o custo de produção. Outra preocupação é a necessidade de investir mais em qualidade, uma vez que a comercialização da próxima safra seguirá as regras da nova instrução normativa.
Analista prevê intervenção do governo
Economista da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Tarcísio Minetto acredita que, apesar de o cenário estar aquecido, a comercialização do trigo nesta safra ainda precisará de auxílio do governo, a exemplo da safra de 2011, quando produtores gaúchos conseguiram negociar o grão estocado desde outubro só a partir de fevereiro, com leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro).
– Pelo que ocorre no mercado internacional, o preço deveria estar ainda melhor. Como também há exigência por maior qualidade, dificilmente o governo federal não terá de intervir novamente – afirma o economista.
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