Essa é a rotina do produtor José Pereira. Mal o sol aparece, ele já está na lavoura. José produz hortaliças em dois alqueires e meio no município de Biritiba Mirim, há 85 quilômetros de São Paulo. Por dia ele colhe 240 maços de cebolinha.
Tem poucas coisas que mudam a rotina dos produtores do campo. Normalmente eles não têm sábado, não tem domingo, não tem feriado. Mas, em uma data como a de hoje, produtores religiosos como José acabam conciliando o trabalho no campo com a dedicação à igreja. Normalmente José faz a colheita até as 11 horas. Hoje, ele está apressando o trabalho, pois por volta das 8 horas precisa estar em outro compromisso.
? Tenho que acabar de colher para poder ir à igreja. Fazer o tapete lá. Aí depois, vou retornar para colher de novo mais tarde ? disse José Pereira.
Antes mesmo de José Pereira chegar, muitas pessoas já estão envolvidas preparando os tapetes nas ruas próximas à igreja da cidade. Eles usam serragem colorida para montar os tapetes, nos quais fazem uma espécie de moldura, para que Antonio Pires, que está aposentado, faça os desenhos.
? Cada desenho nós imaginamos, mais ou menos, como uma homenagem a Cristo ? falou Antonio.
Enquanto José se prepara para fazer ajudar nos desenhos, outras pessoas fazem a marcação no asfalto. Eles são da pastoral do batismo e trabalham juntos. A Márcia faz os desenhos, o Camilo tira as medidas e aos poucos uma obra de arte vai surgindo.
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Não é exagero dizer que os desenhos feitos nessas ruas são arte, que parecem de artistas profissionais. Mas são de donas de casa, comerciantes, agricultores como José ou trabalhadores como Jurandir do Prado. Ele, que é funcionário público em uma escola, também faz os desenhos do tapete.
? A gente se sente honrado de prestar um serviço a Deus. E o pouco que a gente tem a oferecer como arte para Deus nesses tapetes, é uma coisa muito bonita e muito importante também ? observou Jurandir do Prado.
O feriado de Corpus Christi é uma festa da igreja católica. Celebra a eucaristia. Para a igreja significa que Cristo está presente na hóstia e no vinho consagrados. Os tapetes são tem esses símbolos e são preparados para procissão. O Padre Celso Laurindo Filho diz que não tem coisa melhor do que ver o envolvimento da comunidade.
? O pessoal, já no começo do ano, se programa, se ajeita, se une. Isso é só fé mesmo, porque eles que ajeitam tudo. Porque são coisas que estão no coração, na alma ? declarou o padre Celso.
José Pereira chegou na cidade quando o tapete já estava sendo feito. Ele ajudou a finalizar o trabalho. Nas mãos, cerragem em vez de cebolas. É um trabalho delicado, tão importante para ele, quanto o que faz todo dia no campo.
