Os dados do Cepea não deixam dúvida. As cotações do algodão estão cada vez menores. O indicador com prazo de pagamento de oito dias, por exemplo, teve queda de mais de 17% em junho. Nos primeiros dias de julho, a baixa é de quase 6%, com a cotação em torno de R$ 1,80. O presidente do Grupo Brasileiro de Consultores de Algodão, Celito Breda, explica que a oferta está grande. Com isso, no oeste da Bahia, que detém 30% da produção nacional, já se fala em área plantada menor por causa dos preços em baixa.
? O mercado caiu bastante. Em função disso, podemos afirmar que não deve ter aumento de área para o ano que vem. A área plantada na safra 2011/2012, na Bahia, provavelmente, vai se manter ou até pode cair um pouco, em torno de 10% a 15% ? explicou.
A consultora de mercado Maria de Lourdes Yamaguti explicou que além da oferta maior, não há demanda por algodão. A indústria não vai comprar a matéria-prima até vender os produtos estocados.
? A indústria não consegue vender aquele fio, aquele tecido que fez quando o mercado estava a R$ 3. Então, os estoques dentro da fábrica não são de algodão, são de produtos acabados ? esclareceu.
Essa situação tem levado a renegociações e até cancelamentos de contratos de compra da fibra.
? No ano passado, nos tivemos problemas incríveis, muitos casos de arbitragem em bolsa, em função de que o vendedor não queria entregar o produto porque o preço subiu bastante. Este ano, nós estamos vendo o inverso, as fábricas cancelando ou renegociando ? afirmou.
Os cancelamentos e renegociações de contratos são preocupações do produtor Alexandre Lopes. Ele começa a colher no fim deste mês o algodão que produz em 300 hectares no município de Campo Verde, Mato Grosso.
? O produtor espera que, da mesma forma que ele honrou quando os contratos não estavam interessantes, a indústria cumpra o combinado, os agentes compradores honrem também aqueles contratos que foram relativamente altos ? desabafou.