A falta de crédito é o principal problema do setor para representantes de entidades ligadas à economia solidária e para os próprios cooperados. De acordo com uma pesquisa da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) feita em 2007, das cerca de 22 mil cooperativas e associações do país, quase 17 mil afirmavam ter problemas para obter empréstimos. Além disso, das 22 mil organizações ouvidas para o levantamento, somente 3,5 mil informaram ter conseguido crédito ou financiamento nos últimos 12 meses.
Segundo o secretário adjunto da Senaes, Fábio José Bechara Sanchez, esta dificuldade é causada, principalmente, pela constituição legal dessas organizações. Metade delas é informal e mesmo as que estão formalizadas têm características que não se encaixam em critérios estabelecidos por bancos para concessão dos empréstimos.
? Quando um banco vai conceder um empréstimo para uma empresa, ele analisa também o patrimônio dos proprietários dela. No caso das cooperativas, isso é difícil ? explica Sanchez.
Sem crédito, as associações de trabalhadores acabam caindo em outros dois problemas: a falta de investimento e a dificuldade de acesso ao mercado. Não há investimento, pois não conseguem empréstimos para compra de materiais e máquinas, por exemplo. E também não há mercado porque não existe capital de giro para financiar o processo de comercialização.
Marcos José Lopes é presidente da cooperativa industrial Unimáquinas, de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e sabe como a falta de crédito afeta os negócios.
Criada há um ano, a Unimáquinas já recebeu algumas encomendas. Porém, teve de exigir um pagamento prévio de seus clientes para iniciar sua produção, pois não tem recursos para a compra de matéria-prima.
? Nossos concorrentes [empresas] começam a produzir e depois recebem o pagamento pelo serviço à vista. Nós temos que pedir o sinal para começar a produzir. Isso dificulta ? explica Lopes.