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Crise em cooperativa compromete armazenamento de grãos em Mato Grosso do Sul

Principal unidade do Estado tem dívida estimada em R$ 240 milhõesA crise na maior cooperativa agrícola de Mato Grosso do Sul pode comprometer o armazenamento de grãos no Estado, uma preocupação a mais para os produtores da região, que temem as conseqüências da falta de espaço para estocar a safra.

Na propriedade de Cléber Desconsi, metade da área de soja foi plantada, mas o produtor já olha lá na frente e espera colher em média 55 sacas por hectare. A quantidade ajudaria a amenizar os prejuízos com os baixos preços do grão, apenas uma das preocupações do agricultor nesta safra. A outra é a logística, que pode ser ameaçada com a crise enfrentada pela Cooperativa Agropecuária Industrial (Cooagri).

A capacidade de estoque da cooperativa é de aproximadamente 400 mil toneladas de grãos, menos de 7% do volume total dos armazéns instalados em Mato Grosso do Sul. A quantidade é relativamente pequena, e não representaria maiores problemas se não fosse por um detalhe: a estrutura da cooperativa está concentrada na região centro-sul, justamente a responsável pela maior parte da produção agrícola do Estado.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa é de que os atuais estoques de soja e milho, remanescentes das safras de verão e inverno, ocupem 25% da capacidade total de armazenagem, que é de 6 milhões de toneladas. A previsão é de que Mato Grosso do Sul produza quase 5 milhões de toneladas de soja nesta safra. Como as comercializações antecipadas não ocorrem no mesmo ritmo do ano passado, a preocupação com uma possível falta de espaço para guardar os grãos na hora da colheita é grande.

O superintendente da Conab no Estado, Alfredo Sérgio Rios, explica que hoje apenas 9% da safra foram comercializados, enquanto no ano passado, em média, 35% já estavam vendidos. Isso deve fazer com que os grãos precisem ficar mais tempo no armazém. Mas sem poder contar com os silos da Cooagri, pode faltar espaço para atender todo mundo.

Segundo Rios, em caso de crise, a solução pode depender de uma intervenção do governo federal. Ele diz que se isso acontecer, o jeito vai ser a União incentivar a comercialização, para que os estoques comecem a ser liberados, e o espaço seja liberado.

Pivô desta preocupação, a Cooagri passa por uma grave crise financeira, que começou na década de 1990 e se agravou nos últimos dois anos. A empresa, que possui 18 armazéns e mais de 4 mil associados, tem uma dívida estimada em R$ 240 milhões. Desde setembro a diretoria tenta resolver os problemas, com a formação de parcerias ou mesmo a fusão com grupos estrangeiros, uma situação, por enquanto, sem resposta.

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