A cada dia 2 de fevereiro, a imagem da santa é levada pelas ruas de uma ilha do Guaíba, na capital gaúcha. Ela deixa a capela de um antigo estaleiro para receber a benção de um padre em uma outra igreja. A comunidade é formada por pescadores, mas muitos aproveitaram o primeiro dia após a piracema para trabalhar.
? Nos dias 30, 31, já começam a preparar os seus barcos, as suas redes, alimentação, tudo que precisa para saírem para sua atividade que é a pesca ? diz a dona de casa Lídia Lima.
Quem não foi atrás dos peixes acompanhou a procissão para pedir que eles nunca faltem. A tradição se mantém há 136 anos.
? Todo o envolvimento é a preocupação da poluição dos nossos rios, de onde os pescadores tiram o seu sustento. Então eu acho que é importante pedir para Nossa Senhora dos Navegantes proteger e também pedir a conscientização das pessoas, respeitar o nosso rio ? diz o presidente da Cooperativa dos Pescadores, Valdir Coelho.
Pagar promessa é herança de família. Manoela Maciel tem só cinco anos. Até os sete, vai se vestir de anjo, como já fez a mãe e a avó.
? Sou filha de pescador. A gente sempre teve essa religião, essa fé em Nossa Senhora dos Navegantes ? conta a dona de casa Nedi Maciel.
Dezenas de barcos seguem a imagem. Eles demoram duas horas para chegar ao ponto mais próximo da igreja em homenagem à santa, onde termina a procissão terrestre. É o encontro de dois grupos unidos pela mesma fé na protetora das águas.