De acordo com o economista chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério Cézar Souza, não deve ocorrer mudança significativa na relação comercial entre o Brasil e o Japão.
? Ainda é difícil mensurar, mas não acredito em efeito severo quando avaliarmos o ano todo ? disse.
Além disso, o especialista acredita em uma rápida recuperação japonesa.
? Não deve haver efeito a longo prazo. O país vai se restabelecer o mais rápido possível e retomar o comércio exterior. Medidas de subsídios e desoneração de impostos devem ser tomadas ? complementou.
Souza ressaltou ainda que o maior problema do país asiático será resolver problemas de infraestrutura.
? O abalo será momentâneo, mais por questões físicas, do que por questões econômicas Não dá para falar em aumento no preço dos carros e de eletrônicos, por exemplo. O efeito não vai ser tão direto ? avaliou.
Se o clima é de apreensão no cenário econômico, para o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares (Sinaees), Wilson Périco, representante das empresas japonesas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), não há sinais de que haverá mudanças na relação comercial com o Japão.
? As informações que temos das transportadoras é que não há problema nesse sentido. Os principais portos e aeroportos não foram atingidos. Ainda não tivemos nenhum reflexo ? garantiu.
Preventivamente, no entanto, os empresários já buscam alternativas de diferentes mercados fornecedores de produtos eletrônicos.
? Como existe uma possibilidade de mudança, temos buscado outros fornecedores entre os países asiáticos ? admitiu Périco.
Segundo ele, o Vietnã, a Tailândia e Taiwan podem suprir o mercado de produtos eletrônicos por um período. Atualmente, 37 empresas japonesas têm instalações no Polo Industrial de Manaus (PIM).
A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) ainda analisa os efeitos da catástrofe ocorrida nos últimos dias.
? De imediato, não deve haver grande impacto, porém vamos avaliar a situação caso a caso ? comentou a superintendente da autarquia, Flávia Grosso.
O efeito não deve ser evidente, porque a maior parte das empresas instaladas no local, dependentes de insumos das matrizes, costumam deixar estoques para 30 a 60 dias. Além disso, de forma geral, as principais empresas japonesas instaladas no PIM têm um alto grau de nacionalização e de regionalização das etapas de produção.
Em 2010, a balança comercial entre o Brasil e o Japão foi superavitária em US$ 159 milhões. As exportações somaram US$ 7,1 bilhões, enquanto a importações registradas foram de US$ 6,9 bilhões. Entre os principais produtos vendidos pelo Brasil estão minério de ferro e pedaços de frango, que somaram US$ 254 milhões e US$ 71 milhões, respectivamente, no ano passado. Os dois itens correspondem a 52% do total exportado.
No caso das importações brasileiras, o destaque fica por conta da compra de automóveis, que foi responsável por 6,26% do total importado. Em valores absolutos, as compras somaram cerca de US$ 39 milhões. Em seguida, aparecem os trilhos de aço e peças automotivas, no qual foram gastos US$ 29 milhões e US$ 16 milhões, respectivamente.