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Embrapa lança cultivar de trigo de sequeiro para o Cerrado

Na região, a área potencial para cultivo do produto é de 2,5 milhões de hectares, mas apenas 5% é utilizado

Fonte: Moinho Sete Irmãos/Divulgação

A Embrapa Trigo e o Moinho Sete Irmãos lançaram a cultivar de trigo BRS 404 em Uberaba (MG). A nova cultivar indicada para o sistema de sequeiro do Brasil Central despertou o interesse da indústria moageira da região. A área potencial para o cultivo de trigo de sequeiro no Cerrado chega aos 2,5 milhões de hectares, porém, o produto ocupa apenas cerca de 5% disso, incluindo as áreas de cultivo irrigado que disputam espaço com culturas mais rentáveis nos pivôs.

Em 2015, são mais de 153 mil hectares de trigo distribuídos nos estados de Goiás, Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde 70 mil hectares são em sistema de sequeiro.

— O maior teto de produção está no trigo irrigado, onde também está o maior custo. Mas o grande desafio do Cerrado é explorar o trigo de sequeiro, que aproveita as áreas ociosas onde não há irrigação — explica o pesquisador da Embrapa Trigo Márcio Só e Silva.

Segundo ele, há cerca de 10 anos não eram lançados materiais para trigo de sequeiro, resultando, muitas vezes, no uso equivocado de cultivares indicadas para cultivo irrigado.

— Muitos produtores estão utilizando a cultivar BRS 264, desenvolvida para cultivo irrigado, em sistema de sequeiro. A pressão do ambiente pode resultar em maior incidência de brusone, com epidemias frequentes nos últimos anos — afirma. 

A cultivar BRS 404 se destacou nos experimentos conduzidos na região do Brasil Central mostrando melhor resposta ao ataque de brusone.

Uma das explicações, além da bagagem genética, seria o ciclo da cultivar, que permite a semeadura na época das águas (fevereiro), com espigamento na seca (maio), deixando a espiga menos exposta à umidade que favorece o fungo causador da brusone.

— Ainda não podemos garantir uma cultivar tolerante à brusone, mas com certeza a BRS 404 deverá sofrer menos impacto na presença do frungo — diz o pesquisador da Embrapa Trigo João Leodato Nunes Maciel. 

A cautela na avaliação levou a Embrapa a classificar a cultivar como “moderadamente suscetível” ou “MS” na descrição técnica.

Avaliação da indústria

No Brasil Central, a baixa umidade do ar durante o ciclo da cultura do trigo diminui a incidência de pragas e doenças. Ainda, a regularidade do clima, com inverno seco, reduz o risco de chuva na colheita, fase crítica para manter a qualidade dos grãos. 

Historicamente, o trigo no Cerrado apresenta qualidade comercial das classes pão e melhorador, produzindo farinhas com elevadas força de glúten e estabilidade farinográfica, o que o torna praticamente pré-contratado pelos moinhos da região. 

Na avaliação da representante do Moinho Sete Irmãos, Raphaela Mendes, duas características importantes para a indústria moageira e de panificação surpreenderam na cultivar BRS 404: estabilidade e cor de farinha branca. 

— Ninguém quer um pão escuro, todo consumidor imagina um pão com miolo macio e branquinho, e isto pode vir do trigo, sem a necessidade de aditivos branqueadores na farinha — diz Raphaela.

Outro quesito da indústria moageira, a estabilidade (comportamento durante o processo de amassamento, medido em minutos), registrou a farinha forte gerada pela cultivar: enquanto a cultivar BRS 264, a mais plantada na região, registra estabilidade de 16 minutos, a BRS 404 chega a 27. 

— Isto vai resultar em um pão mais homogêneo, sem deformações — explica a responsável pelos suprimentos do Moinho Sete Irmãos, Isabel Alves.

Os ensaios acompanhados pelo Moinho no ano passado também apresentaram maior PH (peso do hectolitro), com maior rendimento em farinha na moagem dos grãos. Segundo Isabel, a expectativa é reduzir gradualmente a compra de trigo do Paraná e contar mais com o trigo mineiro para manter a moagem de 6 mil toneladas por mês no Moinho Sete Irmãos.

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