Elaborado pela Embrapa África, representação do órgão para o continente africano, com apoio da Embrapa Arroz e Feijão, o trabalho se estenderá até 2012, com o objetivo de transferir tecnologias e conhecimentos que contribuam para a autosuficiência na produção de arroz do Senegal. O investimento total é de cerca de 2,4 milhões de dólares.
Localizado no oeste africano e ao sul do Saara, o Senegal tem uma produção orizícola vulnerável ao regime de chuvas do clima subsaariano, o que gera insegurança alimentar na região.
O arroz é base da alimentação do senegalês, que consome em média 74 quilos do cereal por ano ? o prato típico do país é o riz au poisson (arroz com peixe). Mas os cerca de 800 mil rizicultores senegaleses, em sua maioria familiares e atuando em pequenas propriedades, estão longe de produzir o suficiente para atender à demanda. Em 2007, foi registrado o consumo de 820 mil toneladas de arroz, sendo 80% desse total importado de outros países. A dependência da importação do grão é responsável por 16% do déficit na balança comercial do Senegal.
Ao mesmo tempo, o baixo índice de mecanização, a deficiência no manejo da água para irrigação, a alta infestação por ervas daninhas, o ataque de pássaros que se alimentam das sementes e o pouco uso de insumos e fertilizantes, aliado à má qualidade das sementes, são alguns dos problemas que contribuem para a baixa produtividade das lavouras ? 4,5 toneladas por hectare, de acordo com o ISRA.
O projeto de cooperação técnica visa intensificar e diversificar a rizicultura no país e melhorar os sistemas produtivos. Para isso, as ações se concentram no estímulo à mecanização da produção, no treinamento e capacitação dos técnicos senegaleses e nos experimentos com dez variedades de arroz desenvolvidas pela Embrapa Arroz e Feijão para culturas irrigadas, intermediárias e de terras altas.
Os técnicos senegaleses participarão de cursos sobre as variedades e virão ao Brasil para se capacitar na montagem de pequenos equipamentos de colheita e beneficiamento dos grãos, desenvolvidos pela unidade da Embrapa em Goiás. Também haverá um trabalho de mobilização dos agricultores líderes.
Para João Batista, que desenvolve trabalhos na área de integração lavoura-pecuária na Embrapa Pecuária Sul, mais que um desafio, o trabalho será uma experiência de vida.
? Não conheço a África. O que poderemos conseguir lá, com os conhecimentos e tecnologias que estamos levando e a interação que pretendemos ter com os técnicos, só o tempo vai dizer. Mas acredito que vai dar certo e que também aprenderei muito com os senegaleses ? diz o pesquisador.