As entidades do setor produtivo queriam do governo R$ 120 bilhões a serem aplicados em empréstimos para a próxima safra. Mas conseguiram do Executivo a sinalização de R$ 93 bilhões. Só que parte desses recursos, R$ 12,3 bilhões, vai ser direcionada para as agroindústrias. O analista de mercado da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Gustavo Prado, considera a decisão acertada.
? Essa medida de socorro é para frigoríficos e para as agroindústrias. O governo editou essa medida. Acho que ela é necessária porque o produtor também depende da agroindústria. Ou seja, ‘depois da porteira’ para dar um fôlego em todos os elos da cadeia produtiva.
Para o setor privado não basta que o governo apenas anuncie novos recursos, é preciso dar condições para que os produtores consigam de fato acessar os financiamentos.
? O que nós vemos hoje na aplicação do crédito rural é o elevado grau de risco que alguns produtores tomaram em função das sucessivas prorrogações que nós tivemos. Hoje, dos R$ 106 bilhões que é a carteira total de crédito rural no Brasil, em torno de 14% tem algum risco agravado. Isso envolve em torno de 94 mil produtores, que não terão acesso à próxima safra se não for tomada alguma medida de forma a mitigar esses riscos ? afirma a assessoria técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rosemeire dos Santos.
A crise financeira mundial e o medo de calote acertaram em cheio a oferta de crédito para a agricultura. Nesta safra que já está quase no fim, os desembolsos estão 21% abaixo do normal, quando comparados com ciclos anteriores.
? Levantamento do BACEN (Banco Central do Brasil) e da Associação dos Bancos mostrando que até abril dos 78 bilhões disponibilizados para essa safra apenas 57 bilhões forma liberados até abril de 2009 ? afirma o analista Gustavo Prado.