Após um período de relações conturbadas, o Brasil entrou num novo momento de negociação com a principal potência do mundo. Segundo especialistas em comércio internacional que participaram do evento, com a relação cada vez mais próxima entre Lula e Barack Obama, aumentam as possibilidades de os Estados Unidos serem mais flexíveis e encontrarem um meio-termo nas tomadas de decisões.
? Acho que tudo isso está dado, o que não se sabe ainda é como fazer isso ? afirma o presidente do Conselho de Relações Internacionais da Fecomércio, Mário Marconini.
Em um ponto, todos os especialistas que participaram do fórum concordam: a relação do Brasil com os EUA já melhorou muito, mais ainda precisa ser aprofundada. Do lado brasileiro, o país adquiriu grande importância e hoje atua como porta-voz da América Latina nas negociações globais. Mas apesar dos avanços, o Brasil ainda tem grandes desafios em três temas principais, onde inclusive deve liderar as discussões: mudanças climáticas, produção de energia e produção de alimentos.
? Quando você observa alguns temas que nos preocupam como clima, energia e alimentos. Não se fala em clima sem falar da floresta e, obviamente, a Amazônia é a maior delas. Quando você fala em energia, o Brasil hoje tem talvez a matriz mais inovadora. E finalmente sobre alimentos, o Brasil hoje já é um dos maiores fornecedores de alimentos e em crescimento no mundo.
Um caso importante e que o Brasil tem dado um bom exemplo para o mundo é o do etanol. Apesar de reconhecer que a produção brasileira é a mais eficiente do mundo, os Estados Unidos seguem impondo barreiras para importar o produto. Para o ex-ministro de Relações Internacionais, Luis Felipe Lampréia, mais cedo do que imaginamos, o país norte-americano vai acabar cedendo, já que a produção doméstica não será capaz de suprir a demanda para atingir as metas americanas de adição de etanol à gasolina.
? Há dentro dos Estados Unidos um lobby contrário à tarifa do etanol e aos subsídios ao etanol.
Outro assunto em debate foi a auto-suficiência brasileira em petróleo, uma importante vantagem para o brasileiros, segundo o presidente do Conselho de Estudos Ambientais da Fecomércio, José Goldemberg. Enquanto o resto do globo precisa importar petróleo, o Brasil pode se tornar exportador, inclusive para os Estados Unidos.