Segundo informou o coordenador da equipe do Cedeplar/UFMG, Alisson Barbieri, a pesquisa Migrações e Saúde: Cenários para o Nordeste Brasileiro 2000-2050 mostra que “a escassez de alimentos vai depender da capacidade de resposta do governo e das instituições de transferir renda para os habitantes do Nordeste”.
Esse é o primeiro estudo realizado no mundo que envolve em uma visão integrada as variáveis demográfica, econômica e climática para explicar cenários futuros, disse o professor. As mudanças climáticas em curso no planeta tendem a afetar com maior intensidade, no Brasil, as populações mais vulneráveis a esses fatores, que estão localizadas sobretudo no Nordeste do país, incluindo os migrantes.
Segundo Barbieri, é por isso que o estudo sinaliza para a urgência de que se comece a pensar em programas ou políticas de adaptação que atendam essas populações mais vulneráveis e minimizem os impactos das mudanças do clima. Essas adaptações abrangeriam, por exemplo, o investimento em tecnologia para adaptação dos cultivos agrícolas à nova realidade. Outro mecanismo diz respeito ao papel do Estado por meio dos programas de transferência de renda.
? Basicamente, essas seriam respostas em termos de adaptação muito forte nesse cenário futuro até 2050 ? enfatizou Barbieri.
Os mecanismos, além de garantir a subsistência da população, poderiam dar condições para sua manutenção na própria região, evitando, ou pelo menos minimizando, a migração dos nordestinos, sobretudo para o Sudeste do país.
O coordenador da pesquisa destacou ainda que a limitação do potencial de produção agrícola nessas regiões teria, eventualmente, impacto sobre a renda e o nível de emprego. E, em conseqüência, sobre a disponibilidade de aquisição de alimentos. No que diz respeito à saúde, o estudo demonstra que deve aumentar a vulnerabilidade de algumas populações em função do ressurgimento de algumas doenças transmitidas por vetores, como a leishimaniose, e doenças que afetam principalmente crianças, pela contaminação de água e a falta de saneamento.