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EUA: embarque de trigo deve cair ao menor nível em 44 anos

Dólar valorizado está aprofundando o problema dos produtores, que já enfrentam a queda da demanda 

Fonte: Divulgação/Embrapa

apreciação do dólar está prejudicando as exportações de produtos agrícolas dos Estados Unidos, aprofundando os problemas enfrentados pelos agricultores, como a queda das cotações e a menor demanda. De acordo com projeções de analistas, os embarques de trigo devem cair ao menor nível em 44 anos nessa temporada, com os grandes compradores do Egito e da Indonésia procurando alternativas para adquirir lotes mais baratos. 

Para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a receita obtida com as exportações na safra atual deve ser a menor em três anos, enquanto a receita com as vendas externas de carne bovina e suína devem cair de 10% a 15% nesse ano.
 
A questão é que os consumidores de grande parte do mundo não conseguem aproveitar a queda nos preços internacionais ao adquirir o produto norte-americano. O dólar forte faz com que os importadores precisem pagar mais caro pelo cereal dos Estados Unidos, se comparado ao produto de outros países que podem vender o trigo mais barato.
 
No começo desse mês, 1 tonelada de trigo dos Estados Unidos custava US$ 205, enquanto o mesmo produto da França era vendido a aproximadamente US$ 193 e o produto da região do Mar Negro custava cerca de US$ 194, de acordo com analistas.
 
A queda nas exportações dos EUA acontece após anos de expansão da produção agrícola, que foi impulsionada pela crescente indústria de etanol e pelo aumento da demanda da China e de outros países em desenvolvimento.
 
USDA projeta que a renda do setor agropecuário do país vai recuar 38%, para US$ 55,9 bilhões em 2015, menor valor em mais de uma década, o que deve reduzir o poder de compra dos produtores.
 
Na semana passada, o dólar alcançou o maior nível ante uma cesta de moedas em 13 anos. Isso traz um problema para os Estados Unidos, já que o trigo é a quarta cultura mais rentável, com US$ 12 bilhões no ano passado. Nesse mês, ainda, os futuros de trigo negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) operaram perto do menor nível em mais de 5 anos. Mas, segundo o produtor Ron Suppes, com a moeda norte-americana forte “estamos com o produto sobrevalorizado no mercado mundial”.
 
O preço do trigo no mercado físico no oeste do Estado norte-americano do Kansas recentemente ficou abaixo de US$ 4 por bushel, menor que o custo de produção de muitas propriedades. “Esse valor é muito baixo para eu me manter, mas é mais do que o resto do mundo está disposto a pagar”, explicou Suppes.
 
As grandes empresas do setor também alertam que o dólar forte está afetando os lucros. A Archer Daniels Midland (ADM), uma das maiores tradings de grãos do mundo, afirmou que seu resultado do terceiro trimestre foi negativamente impactado pela queda da demanda pelos produtos dos Estados Unidos, país onde está concentrada a maior parte da rede de distribuição de grãos da empresa.
 
Normalmente, as exportações absorvem aproximadamente 40% da produção de trigo dos EUA, mas nesse ano o USDA alerta que o volume embarcado na temporada atual, que se encerra em maio, será o menor desde a safra de 1971/72. Se a previsão se confirmar, a participação dos Estados Unidos no mercado internacional de trigo deve cair a 14%, comparado a 23% há dez anos. 

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