Conforme o relatório bianual Perspectivas Alimentícias, divulgado pela entidade, espera-se que a produção mundial de cereais deste ano seja suficiente para cobrir a demanda de curto prazo. Uma das principais autoras do relatório, Concepción Calpe, ressaltou, porém que se “as atuais condições de volatilidade dos preços forem mantidas, o cultivo e a produção poderão ser afetados até produzirem um novo aumento das cotações entre 2009 e 2010”. Segundo Calpe, essas circunstâncias poderiam desencadear “crises de alimentos ainda mais graves do que as recentes”.
A cientista acrescentou que a atual crise financeira favoreceu a queda dos preços dos alimentos e reduziu os mercados de crédito. Com isso, se criou incerteza sobre as perspectivas econômicas para o ano que vem, levando muitos produtores a tomarem decisões “conservadoras” em relação à semeadura.
Segundo o relatório da FAO, a maior parte da recuperação na produção de cereais foi registrada nos países desenvolvidos, onde os agricultores estavam mais bem preparados para reagir à variação dos preços. No entanto, os países em desenvolvimento contavam com capacidade de resposta muito limitada na provisão de seus setores agrícolas.
O texto também destaca que a agricultura mundial enfrenta grandes desafios a longo prazo que devem ser abordados “com urgência”. Entre os principais problemas estão as restrições de água e terra, os poucos investimentos em infra-estrutura rural e pesquisa agrícola, a pouca adaptação às mudanças climáticas e o alto custo dos insumos agrícolas.
Em 2007, o aumento dos preços dos alimentos elevou para 923 milhões o número de pessoas que passam fome no mundo.
A FAO ressaltou que, apesar da diminuição dos preços internacionais dos produtos básicos, os países pobres não viram refletida essa mudança nos valores dos alimentos no mercado interno.